Imprensa

28.03.2023

PIB regional cresceu 3,1% no 4º trimestre do ano passado

Correio Popular, de Campinas – 28/03/2023

Dados divulgados pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) mostram que a Região Administrativa (RA) de Campinas, composta por 90 municípios, teve um crescimento de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre de 2022 em comparação com igual período do ano anterior. As riquezas produzidas pela RA nos três últimos meses de 2022 somaram R$ 167,08 milhões. A região figura como a segunda com maior participação no PIB do Estado de São Paulo (20%). A primeira posição é ocupada pela Região Metropolitana de São Paulo, que responde por 50,2% do PIB paulista.

Apesar do bom desempenho no final do ano passado em relação ao anterior, no acumulado do ano, a RA cresceu menos, registrando um índice de 2,8% do PIB, ante os 7,7% em 2021. Especialistas ouvidos pela reportagem temem um crescimento ainda menor em 2023. A mesma tendência de retração se verifica no terceiro trimestre de 2022, quando houve uma redução de 1,3%, já levando em conta o ajuste sazonal – quando se tira os efeitos do período.

De acordo com o coordenador do curso de Economia das Faculdades de Campinas (Facamp), José Augusto Gaspar Ruas, o encolhimento do PIB mostra uma desaceleração que deve permanecer nos próximos semestres. A RA de Campinas é composta, além da metrópole, por outras 89 cidades de diferentes regiões geográficas, casos de Piracicaba, Serra Negra e Bragança Paulista, que têm diferentes dinâmicas econômicas.

Em valores correntes, o PIB da RA Campinas saltou de R$ 555,7 milhões em 2021 para R$ 643,8 em 2022. Entre os quatro trimestres do ano, os valores são de R$ 144,2 mi, R$160,4 mi, R$ 172,07 mi e R$ 167,08 mi respectivamente.

O professor Ruas interpreta que a queda do PIB do penúltimo para o último trimestre é um sinal da desaceleração. “A indústria teve um peso importante nessa desaceleração. E o governo Bolsonaro, em final de mandato, percebendo isso, elevou o gasto do Estado. Gastou-se mais, mas não necessariamente esse gasto retorna para os cofres públicos”, explica. O balanço da Seade não detalha, no entanto, o desempenho de cada setor na região.

Já o economista Eli Borochovicius, da PUC Campinas, vê como normal a redução entre os trimestres, mas reforça a posição de Ruas sobre a influência nacional. “É histórico ter queda entre o terceiro e o quarto trimestre, mas a desaceleração na verdade se dá pelo contexto macroeconômico. Com a inflação alta, as famílias consomem menos, a indústria produz menos e aí o PIB, consequentemente, cai”.

Como a RA de Campinas contempla cidades com dinâmicas econômicas diferentes, Borochovicius explica que a força do setor de serviços na região segurou a queda, que poderia ter sido ainda maior. “Campinas até tem suas indústrias, mas o forte ainda é serviços. O setor de serviços demora mais para sentir os impactos da desaceleração econômica, que são mais sentidos primeiro pelas regiões industrializadas, como o ABC Paulista”.

Em todo o Estado, são 16 regiões administrativas. Se destacaram as RA’s de Marília (5%), Santos (4,8%), Bauru (4,6) e Sorocaba (4,4%), todas com crescimento maior que do Estado. Campinas figura na décima quarta posição.

Mesmo não estando entre as que apresentaram maior crescimento, a RA de Campinas figura como a segunda com maior participação no PIB do estado, correspondendo a 20,0% do total, ficando atrás apenas da Região Metropolitana de São Paulo, que soma 50,2%. O pódio é fechado pela RA de São José dos Campos, que figura com 5,6%.

A constatação da desaceleração se dá pelo PIB menor entre os anos. Os dois economistas ouvidos pela reportagem acreditam que a tendência deve se manter, também por questões macroeconômicas. “O atual governo está dando sinais de que vai gastar além do que arrecada. Para gastar além do que se arrecada é preciso emprestar. E para emprestar com a taxa de juros a 13,75%, não há sinal de que essa política possa dar certo. É mais inflação, menos investimentos… E tudo isso respinga em São Paulo e em Campinas”, explica Borochovicius. “É um momento ruim para a economia (da RA) de Campinas. Crescer menos é crescer menos: você produz menos, emprega menos, reduz as expectativas”, conclui Ruas.