Folha de S. Paulo – Editorial – 3/1/2025
Habituada a surtos de expansão populacional desordenada desde o fim do século 19, sob o impulso do ciclo do café, das migrações e da industrialização acelerada, uma das maiores megalópoles do planeta aparenta, enfim, estar perdendo fôlego demográfico.
Após atingir o pico de 11,5 milhões de habitantes em 2019, a população da cidade de São Paulo vem encolhendo —o que não ocorria há pelo menos um século.
Segundo dados da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), a capital paulista registra nos últimos anos uma queda sutil, porém consistente, de 0,7% entre 2019 e 2023 (ou cerca de 80 mil pessoas a menos).
O discreto êxodo urbano tem suas razões. A pandemia de Covid impeliu moradores abastados para regiões adjacentes, com a conveniência do home office, mas também elevou o número de óbitos. O envelhecimento da população —com baixas taxas de natalidade— tem estimulado a busca por maior qualidade de vida em municÃpios menores.
A hipótese mais mencionada por analistas, contudo, é mesmo a questão econômica. A escalada do custo de vida, influenciada mais recentemente por inflação pressionada e alta do dólar, amplia os dispêndios com mobilidade, alimentação, saúde e serviços diversos em uma metrópole adensada e desigual.
O advento do trabalho remoto oferece a muitas famÃlias a oportunidade de viver nas cercanias de São Paulo —ainda com uma renda paulistana, mas menos despesas com mensalidades escolares, moradia e lazer, sem falar da sensação de segurança.
O desejo de respirar novos ares seduz a maioria: com medo da violência, 55% deixariam São Paulo se pudessem, indicou pesquisa Datafolha de 2022.
A ironia dessa movimentação inusual é que a alta dos preços também já começa a acompanhar os novos moradores, sobretudo na especulação imobiliária em cidades próximas no interior.
O fenômeno da conurbação, quando há fusão entre duas ou mais cidades e forma-se uma grande mancha urbana contÃnua, está em franco desenvolvimento num eixo de 100 km entre as duas maiores regiões metropolitanas do estado, São Paulo e Campinas.
No caso paulista, parece romper fronteiras geográficas e econômicas, com impacto considerável no bolso de residentes.
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