Imprensa

22.11.2018

Negros seguem mais afetados pelo desemprego em São Paulo

DCI – 14/11/2018
A crise econômica, iniciada em 2014, repercutiu no mercado de trabalho da Região Metropolitana de São Paulo nos anos seguintes, quando o desemprego aumentou significativamente. Mas os negros foram os mais atingidos
Entre 2016 e 2017 a taxa de desemprego dos negros na região ampliou-se de 19,4% para 20,8%, enquanto a dos não negros avançou de 15,2% para 15,9%.
Com crescimento mais forte entre os negros, a diferença entre essas duas taxas de desemprego aumentou de 4,2 pontos percentuais (2016) para 4,9 pontos. (2017). Em 2014, essa diferença era da ordem de 1,9 ponto percentual.
A pesquisa foi divulgada ontem (13) pela Fundação Seade e o Dieese, em razão do Dia Nacional da Consciência Negra, no próximo dia 20. Os dados foram levantados com base nas informações da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED).
Rendimentos
As entidades divulgaram também que os rendimentos do trabalho dos negros na Região Metropolitana de São Paulo cresceram em 2017, após dois anos de retração: seu rendimento médio real por hora passou a equivaler a R$ 9,62, enquanto para os não negros chegou a R$ 13,88 (ainda que com uma pequena redução).
Os negros receberam, em média, 69,3% dos rendimentos dos não negros, no ano passado. Tal discrepância se deve, principalmente, aos diferenciais nas formas de inserção ocupacional: os negros estão mais presentes em segmentos onde, tradicionalmente, os rendimentos são mais baixos (alguns ramos dos serviços ? inclusive o doméstico ? e comércio) e com menor intensidade naqueles que costumam registrar remuneração mais alta (indústria e outros ramos dos serviços, incluindo administração pública).
Além da questão do rendimento, o estudo aponta que entre o segundo semestre de 2014 e igual período de 2017, houve eliminação de postos de trabalho assalariado e ampliação do trabalho autônomo.
O nível ocupacional dos não negros diminuiu 11,7% e o dos negros apresentou pequena variação positiva (0,4%), devido às oportunidades encontradas fora das formas protegidas de assalariamento.
Reduziu-se o grupo de negros ocupados com relações de trabalho formalizadas (-1,9%) e ampliaram-se os contingentes de negros em ocupações sem relações de trabalho formalizadas (5,5%) e naquelas independentes (5,5%).
Entre o segundo semestre de 2017 e o primeiro de 2018, período de leve recuperação econômica, registraram-se redução do nível de ocupação para os não negros (-1,3%) e crescimento para os negros (1,6%). Tal resultado, entre os negros, deveu-se ao desempenho positivo nos grupos de ocupações com relações de trabalho formalizadas (2,3%) e independentes (2,3%), já que houve estabilidade no grupo de ocupações sem relações de trabalho formalizadas.
No geral
No País, existem 12,5 milhões desempregados. Embora seja um montante alto, ele já foi ainda maior. A taxa de desocupação ? oficialmente calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ? chegou a 11,9% no trimestre móvel encerrado em setembro de 2018. Mas em igual período de 2017 estava em 12,4%.