Imprensa

27.11.2023

Valor de Transformação Industrial da RA de Campinas supera 23 estados

Correio Popular – 24/11/2023

Campinas foi de R$ 194,85 bilhões em 2021, superando o resultado de 23 Estados e do Distrito Federal. O estudo sobre o desempenho do Estado de São Paulo, divulgado pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), revela ainda que o resultado das 90 cidades que formam a RA representou 9,13% do total nacional, que foi de R$ 2,13 trilhões. Além disso, foi o terceiro melhor da região dos últimos oito anos.

O VTI é um indicador que representa a diferença entre o valor da produção e o custo dos insumos consumidos no processo produtivo, refletindo a força do setor industrial. “Ele é importante porque mostra a realidade do chão de fábrica, do que está sendo produzido”, explicou o gerente de Indicadores Econômicos da Seade, Vagner Bessa. Ele reforçou que se a RA de Campinas fosse um Estado, seria o mais industrializado do país.

A participação da região no desempenho do país supera, por exemplo, a do Paraná, que ocupa o quarto lugar no ranking nacional com um VTI de R$ 138,23 bilhões em 2021, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O montante representou 6,48% do total em todo o Brasil. A RA de Campinas fica atrás apenas dos estados de São Paulo (R$ 665,24 bilhões ? 31,19%), Minas Gerais (R$ 272,07 bilhões ? 12,76%) e Rio de Janeiro (R$ 245,45 bilhões ? 11,51%).

RAZÕES

Os primeiros dados divulgados pela Seade no mês passado mostraram que a Região Administrativa de Campinas assumiu em 2021 a liderança do VTI paulista, ultrapassando a Região Metropolitana (RM) de São Paulo. A participação da RA de Campinas no indicador estadual saltou de 25,5% para 33,1% em 18 anos, enquanto a RM da Capital caiu de 40,5% para 28,4%.

Para Bessa, o aumento da representatividade regional ocorreu por causa do “processo de desindustrialização de São Paulo e dos grandes investimentos que a região de Campinas recebeu ao longo dos últimos anos.” O gerente da Seade ressaltou que esses fatores mudaram a geografia industrial paulista, com a RA de Campinas sendo hoje a maior produtora nacional de máquinas e equipamentos, além de automóveis e autopeças.

Piracicaba é atualmente a segunda maior fabricante de veículos do país, atrás apenas de São Bernardo do Campo, o berço da indústria automobilística brasileira. Um gigante sulcoreana do setor investiu US$ 600 milhões (R$ 2.9 bilhões) para instalar no município, em 2012, sua primeira unidade na América Latina. No início do mês passado, 11 anos e 20 dias após a inauguração, a multinacional a atingiu a marca de dois milhões de veículos produzidos na planta de Piracicaba, recorde nacional de volume em igual período.

?A marca em tempo recorde comprova a excelente utilização de nossa capacidade instalada, sem praticamente qualquer interrupção ou redução de nossos turnos?, afirmou o presidente e chefe de operações da empresa no Brasil e nas Américas Central e do Sul, Airton Cousseau. A chegada de uma empresa do setor movimenta todas as engrenagens da cadeia produtiva, atraindo para o seu entorno a instalação de fornecedores e prestadores de serviço, como fábrica de autopeças e empresas de logística.

A própria indústria automobilística seguiu investindo na cidade. Em setembro do ano passado, inaugurou em Piracicaba a sua primeira fábrica de motores na América Latina, resultado de um investimento de R$ 500 milhões e que gerou 256 novos empregos. “Nós costumamos dizer que o trecho entre Campinas e Sorocaba é hoje o corredor asiático do país”, disse Vagner Bessa, referindo-se à concentração de empresas do setor automobilístico originárias da Ásia.

SETORES

O estudo feito pela Seade mostrou que os cinco setores com maior participação no VTI da RA de Campinas são os de derivados de petróleo (16,4%), produtos químicos (14,1%), produtos alimentícios (10,7%), veículos automotores, reboques e carrocerias (9,6%) e máquinas e equipamentos (8,2%). As duas primeiras colocações são explicadas por Paulínia ser o maior polo petroquímico da América Latina, que é formado pela maior refinaria de petróleo do Brasil e por fábricas das maiores empresas do setor dos Estados Unidos e da Europa.

A refinaria, responsável por 30% da produção nacional de combustíveis, acaba de receber um investimento de R$ 100 milhões em um sistema para tratamento de gases, que evita que cerca de 30 toneladas de particulados finos sejam lançados mensalmente na atmosfera. O novo precipitador eletrostático responsável por esse resultado entrou em operação em junho. Está em construção ainda uma nova unidade de hidrotratamento de diesel (HDT). Ela terá capacidade de produção de 10 milhões de litros desse combustível tipo S-10 (com baixo teor de enxofre) por dia. A unidade tem previsão de entrar em operação em 2025.

EVOLUÇÃO

Com VTI de R$ 194,85 bilhões em 2021, a Região Administrativa de Campinas se aproximou do mesmo nível registrado em 2018 ? R$ 195,64 bilhões. O resultado superou até mesmo o registrado em 2019, último ano antes da pandemia de covid-19 que contribuiu para agravar a crise econômica do país. O volume registrado representou um crescimento de 5,06% em comparação aos R$ 185,46 bilhões registrados em 2020.

Isso significado que em um ano o Volume de Transformação Industrial teve um ganho de quase R$ 9,4 bilhões. Para ter uma dimensão do que isso significa, apenas essa diferença, esse aumento, é maior do que o VTI de dez Estados brasileiros. O montante é 55,55% superior aos R$ 6,03 bilhões registrados pela Paraíba, que aparece em 18º lugar no ranking nacional, e 52 vezes maior dos que os R$180,57 milhões computados por Roraima, que está na lanterna.

O gerente de Indicadores Econômicos da Seade explicou que a evolução do Valor de Transformação Industrial é um processo acumulativo e apresenta poucas variações de um ano para outro. Com isso, a liderança da RA de Campinas no indicador paulista e grande participação no resultado nacional tende a se manter. Assegurada a atual política das empresas de interiorização dos investimentos para a instalação de novas plantas, a tendência é de aumento da representatividade ao longo da próxima década.