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02.02.2018

SP duplica volume de investimentos anunciados

Valor Econômico – 2/2/2018
Os investimentos anunciados no Estado de São Paulo mais do que dobraram entre os três primeiros trimestres de 2017 e o mesmo período do ano anterior. Nesse tipo de comparação, houve alta de US$ 8 bilhões para US$ 16,1 bilhões, segundo a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), que pertence ao governo do Estado.
Para este ano, a expectativa é que o crescimento continue. “Pelo que estamos sentindo e captando, as perspectivas melhoraram bastante” diz Margarida Kalemkarian, analista da gerência de indicadores econômicos da fundação, referindo-se à comparação com 2017.
Os dados são da Pesquisa de Investimentos Anunciados no Estado de São Paulo (Piesp) da Seade. Apesar do nome da pesquisa, entram na conta, além dos investimentos anunciados, aqueles em andamento e também os recém-concluídos. “Mas não há duplicação”, afirma a analista.
Parte expressiva da melhora de 2017, segundo Margarida, pode ser atribuída a investimentos da indústria automobilística, do setor sucroalcooleiro e concessões de infraestrutura realizadas pelo Estado. A infraestrutura começou 2018 de maneira movimentada, com os leilões do trecho norte do Rodoanel e das linhas 5-Lilás e 17-Ouro do metrô de São Paulo.
Os investimentos ligados aos serviços, como a construção de shoppings e edifícios de escritórios, também iniciam uma retomada. Não entra na conta da Piesp a construção de imóveis residenciais, um dos setores mais afetados pela crise e com dificuldades para sair dela.
O aspecto negativo é que, pelo menos por enquanto, a maior parte das obras permanece concentrada nas regiões metropolitanas da capital e de Campinas. “O setor sucroalcooleiro está começando a quebrar isso”, diz Margarida, citando também o potencial de concessões de rodovias que atravessam “seis ou sete regiões” do Estado.
Ainda assim, a tendência é que principalmente a infraestrutura e a indústria automobilística, por terem elos fortes com outras cadeias produtivas, comércio e serviços, ajudem a economia paulista a se recuperar. “A nossa expectativa é que tudo isso vai bater com força na atividade”, afirma a analista.
Entre outubro e novembro, o Produto Interno Bruto (PIB) paulista cresceu 1,2%, nos cálculos já dessazonalizados pelo Seade. Na base móvel trimestral, que ilustra de maneira mais precisa a variação, a alta foi de 0,4%. Já no acumulado de 12 meses houve crescimento de 1,1% em novembro, o terceiro consecutivo nesse tipo de comparação.
Embora a fundação não faça uma projeção oficial para o PIB estadual, a tendência é que ele tenha crescido em torno de 1,2% ou 1,3% no ano passado, “com um desempenho um pouco melhor do que o do Brasil”, afirma z Regina Marinho, que é economista do Seade.
Mesmo que não seja “nada muito destoante” em relação ao crescimento esperado para todo o país, tanto a indústria quanto os serviços “mais diversificados” em São Paulo podem explicar essa diferença, segundo ela. Os serviços, por exemplo, ainda apresentam na média desempenho fraco em território nacional.
Regina chama a atenção para a baixa base de comparação, afirmando que, dada a profundidade da crise econômica superada, é preciso “relativizar” o ritmo da retomada. “Mas a gente vê um caminho consistente de melhora da economia paulista”, diz.
De maneira semelhante aos investimentos, a recuperação da atividade está até agora concentrada nas regiões mais urbanas e industrializadas do Estado, como a capital, Campinas, Sorocaba, ABC Paulista e São José dos Campos. “São áreas que foram mais atingidas durante a crise e que agora se recuperam mais rapidamente”, afirma Vagner Bessa, gerente de indicadores do Seade.