Imprensa

03.01.2022

Retrospectiva 2021: fatos que marcaram o ano em SP

Site G1 – 31/12/2021

Mais um ano em São Paulo marcado pela pandemia do coronavírus. Veja mês a mês os acontecimentos que marcaram o ano na maior cidade do país.

Janeiro

Pandemia – O cenário do último trimestre de 2020, que apontava para uma fase de pandemia de Covid-19 mais controlada, foi alterado já no início de 2021, com um aumento de casos e mortes. Janeiro registrou mais de 6 mil óbitos pela doença, um número 37% maior do que o de dezembro. A boa notícia, no entanto, chegou no dia 12, com o anúncio da taxa de eficácia da vacina CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac e que, nos testes realizados no Brasil, atingiu 50,38% de eficácia global. No dia 17, a Anvisa aprovou o uso emergencial do imunizante no país, e, no mesmo dia, São Paulo iniciou a vacinação, com foco em profissionais da saúde e indígenas. A população quilombola, que pertencia ao grupo prioritário, foi excluída da primeira etapa de vacinação, como revelou o g1. Segundo o governo, a retirada tinha sido feita pelo Ministério da Saúde. Após a publicação da reportagem, entretanto, o governo paulista voltou a incluir este grupo como prioritário.

Novo mandato – No primeiro dia do ano, o prefeito Bruno Covas (PSDB) e o vice, Ricardo Nunes (MDB), tomaram posse em um evento fechado na Câmara Municipal. No primeiro discurso após ser empossado, Covas afirmou que a prioridade do novo mandato seria o combate às desigualdades sociais e ao avanço do coronavírus na capital.

Concessão do Anhembi – No dia 13, a Prefeitura de São Paulo concedeu o Complexo do Anhembi, na Zona Norte da capital, para gestão e exploração comercial pela GL Events por 30 anos por R$ 53,7 milhões. Desde 2017, a gestão tentava privatizar a área, mas mudou de estratégia e optou pela concessão.

Fevereiro

Pandemia – As regras do Plano São Paulo, que determinava os diferentes estágios da quarentena no estado, foram modificadas após pressão de empresários do setor de bares e restaurantes, principalmente. Em uma semana, a Grande São Paulo viveu três fases diferentes da quarentena: vermelha, no último fim de semana de janeiro (dias 30 e 31), laranja, ao longo da semana e, no primeiro fim de semana de fevereiro (dias 6 e 7 de fevereiro), o retorno da fase amarela.

Fevereiro marcou também a volta às aulas presenciais em escolas particulares e públicas. Como protocolos, foram determinados esquema de rodízio entre os alunos, com capacidade limitada a 35% de estudantes por sala, além de uso de máscaras, aferição de temperatura, oferta de álcool em gel e manutenção de distanciamento social.

Com a vacinação avançando, postos de saúde identificaram um problema: sobra de doses no final do dia, pois, quando os frascos são abertos, precisam ser aplicados em até 8 horas para não serem descartados. Como solução, foi criada a ?xepa da vacina?: listas de espera com pessoas com mais de 60 anos (que ainda não estavam no grupo prioritário) interessadas em receber a vacina contra a Covid-19.

No dia 19, depois de o Ministério da Saúde acusar o Instituto Butantan de atraso na entrega de doses da CoronaVac, o diretor do instituto, Dimas Covas, responsabilizou o próprio ministério pela demora na compra de vacinas. Segundo ele, foram ignorados três ofícios enviados em 2020. Eles ofereciam 60 milhões de doses da CoronaVac para entrega ainda em 2020 e outros 100 milhões para este ano.

Marretadas – Padre Júlio Lancelotti protagonizou, no dia 2, uma das imagens do ano: quebrou a marretadas pedras instaladas pela Prefeitura de São Paulo sob viadutos para manter a população de rua fora desses locais. Após a repercussão negativa, a prefeitura mandou retirar os blocos de paralelepípedos.

Caso Lorena Muniz – O marido de Lorena Muniz, mulher trans de 25 anos, denuncia que ela foi abandonada dentro de uma sala em uma clínica no Centro de São Paulo durante um incêndio. Segundo Washington Barbosa, Lorena estava sedada, inalou fumaça e ficou inconsciente por sete minutos antes de ser retirada do local e encaminhada ao hospital, onde morreu após cinco dias.

Caso Isa Penna – Em depoimento ao Conselho de Ética da Alesp em processo no qual é acusado de importunação sexual, o deputado estadual Fernando Cury, então no Cidadania, argumentou que o abraço que deu na colega Isa Penna (PSOL) em dezembro de 2019, e no qual ele toca o seio da deputada, se tratou apenas de um “gesto de gentileza” ao interromper a conversa que Isa tinha com Cauê Macris (PSDB), presidente da assembleia.

Março

Pandemia – São Paulo entra no pior momento da pandemia. No dia 23, registra o maior número de mortes por Covid-19 em 24 horas desde o início da pandemia, com mais de 1 mil novos óbitos, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde, e o governador Doria afirma que SP está ?à beira do colapso? e não descarta nenhuma medida. O estado volta à fase vermelha e fecha comércio e restaurantes; escolas seguem funcionando, mesmo com alta na contaminação de profissionais e alunos. Agentes funerários da capital relatam filas de corpos de vítimas da Covid-19 para remoções até velórios e cemitérios.

Com todos os índices em alta (casos, internações e óbitos), a capital abre 555 novos leitos, e o secretário da Saúde municipal, Edson Aparecido, admite, na metade do mês, que o município vive o ?momento mais difícil dessa pandemia, nestes últimos 14 meses?.

Começam a circular relatos de profissionais da saúde preocupados com a quantidade de jovens que chegam em estado grave aos hospitais, indicando uma mudança no perfil da pandemia, que antes acometia mais idosos. Por outro lado, um sinal positivo sobre a vacinação, já que a morte de idosos entre 85 e 89 anos por Covid-19, grupo já vacinado, caiu 51% em fevereiro e atingiu o menor número desde outubro.

No dia 19, dados impactantes: primeiro, a falta de leitos – mais de 130 pessoas morrem com Covid-19 à espera de vaga de UTI em SP. Segundo, a confirmação da mudança no perfil dos casos graves: um menino de 3 anos e um jovem de 22 estão entre os mortos por falta de leito. No dia seguinte, mais um sinal de colapso: pacientes são transferidos de UPA na Zona Leste de SP por problemas no fornecimento de oxigênio.

Paralelamente, uma das medidas tomadas no primeiro ano da pandemia se mostra pouco efetiva: a antecipação de feriados municipais em 2020, que se repetiu neste ano, aumentou o isolamento social na cidade de SP em apenas 2 pontos percentuais.

No fim do mês, a confirmação das previsões dos especialistas: março é o pior mês da pandemia em SP antes mesmo de terminar; 9,1 mil pessoas morreram por Covid-19 até dia 23.

Efeitos da crise – O número de alunos transferidos para a rede pública em São Paulo cresce 44,4% e a inadimplência em faculdades se torna a maior da história. De março a dezembro de 2020, 15.615 alunos deixaram as escolas particulares e se matricularam na rede pública, de acordo com o governo estadual. Já a inadimplência de alunos do ensino superior subiu 29,9% em 2020 em relação a 2019, segundo o Instituto Semesp.

Caso Isa Penna – O Conselho de Ética aprova, no dia 5, uma pena branda para o deputado Fernando Cury, então do Cidadania, que passou a mão no seio da também deputada Isa Penna (PSOL): suspensão do mandato por quatro meses. O processo segue para a Mesa Diretora da Alesp, que vai encaminhar o caso ao plenário. Os deputados podem ou não ratificar a decisão do conselho.

Abril

Pandemia – Os números relativos à Covid não cedem, e abril inicia já com uma marca triste: pelo terceiro dia seguido, o estado de SP registra mais de mil mortes pela doença em 24 horas. O total de óbitos por coronavírus ultrapassa 75 mil pessoas no dia 1º, médicos relatam tensão e ambiente de guerra nos hospitais e, pela primeira vez na história, o número de mortes ultrapassa o de nascimentos na região Sudeste do país. O que os profissionais da saúde antecipavam agora é estampado nas estatísticas: mortes de jovens entre 20 e 29 anos por Covid-19 crescem quase quatro vezes no estado de SP entre fevereiro e março. Nas escolas, outra preocupação: estudo aponta que casos de Covid entre professores que trabalharam presencialmente no estado é três vezes maior do que os da população da mesma faixa etária.

Faltando ainda dez dias para acabar, abril se torna o mês mais letal desde o início da pandemia, e o estado de SP ultrapassa 90 mil mortes por Covid-19.

Fora dos hospitais, mais de 57 mil pessoas estão com a segunda dose da vacina CoronaVac atrasadas, sendo quase metade composta por idosos de 80 a 90 anos.

O governo Doria cria uma ?fase de transição? da quarentena, mas ela tem regras similares às de fases amarela e laranja, mais brandas. Embora haja um limite de público de comércios e serviços a 25% da capacidade máxima, não há lei, multa ou fiscalização para verificar percentual na prática.

No dia 29, deputados estaduais aprovam a ?Bolsa do Povo?, que aglutina programas sociais existentes, mas não cria um auxílio emergencial.

Como efeito da crise econômica agravada pela pandemia, estabelecimentos fecham as portas na capital: 12 mil bares e restaurantes encerram os trabalhos durante a pandemia, segundo a associação do setor, e ao menos 28 hotéis seguem o mesmo caminho, segundo a prefeitura.

Caso Isa Penna – Em decisão inédita, a Alesp decidiu ampliar a punição proposta pelo Conselho de Ética e suspender o deputado Fernando Cury, então no Cidadania, por seis meses, por ele ter passado a mão no seio da colega Isa Penna (PSOL). Foram 86 votos a favor e nenhum contra – não houve abstenção nem voto em branco. A suspensão ocorreu após consenso no Colégio de Líderes.

Violência da GCM – O coletivo Craco Resiste divulgou vídeos que registraram ações violentas da Guarda Civil Metropolitana (GCM) na Cracolândia durante a pandemia. Pelas imagens, é possível ver agentes atirando balas de borracha, spray e dando golpes de cassetetes na população em situação de rua que mora na região.

Peixes no Pinheiros – Drone mostra trecho do Rio Pinheiros com peixes que vêm do Parque Ibirapuera. Segundo o governo paulista, a imagem é resultado da melhoria da qualidade das águas naquele ponto. Luiz de Campos, geógrafo, pesquisador e cofundador da ONG Rios e Ruas, no entanto, afirma que eles não irão sobreviver por muito tempo, já que, ao saírem da parte do rio que tem água limpa, cairão em água poluída.

Caso Lorena Muniz – A equipe responsável pela cirurgia em Lorena Muniz, mulher trans que morreu após ser deixada sozinha, sedada, em sala enquanto a clínica era atingida por incêndio, é alvo de investigação policial e denúncias de outras pacientes. Investigação mostra que o homem que negociou a cirurgia da vítima não tinha CRM, e pacientes relatam que procedimentos eram feitos sem anestesia geral e por médicos que não conheciam.

Leilão da Love Story – A boate Love Story, conhecida popularmente como a Casa de Todas as Casas e que teve falência decretada em fevereiro, terá seus bens leiloados em maio pela Justiça de São Paulo, e os detalhes são divulgados. Entre os itens, há bebidas, letreiros, notebook e mesa de DJ.

Maio

Pandemia – A busca pela vacina na Grande São Paulo nem sempre foi tranquila: em maio, a prefeitura passou a exigir que pessoas hipertensas comprovassem o uso de pelo menos três remédios contra pressão alta para poderem se vacinar contra Covid-19, e a falta de informação sobre a necessidade de receita provocou confusão no público. Além disso, ao menos 18 cidades da Grande SP estavam pedindo documentos além dos exigidos pelo estado para provar comorbidade na vacinação contra Covid.

Uma outra recomendação, para quem tem deficiência visual, também confundiu os cidadãos: pessoas foram vacinadas indevidamente na capital após circular nas redes sociais uma orientação errada de que miopia ou astigmatismo seriam condições que se encaixariam na definição de comorbidade. A repercussão do caso após a publicação da reportagem do g1 fez com que a prefeitura alterasse a nota técnica para permitir autodeclaração apenas em casos de cegueira.

No fim do mês, os indicadores de Covid voltaram a subir e, em uma semana, o estado teve aumento de 8% em casos e internações, e alta de 5% em mortes causadas pela doença. A taxa de ocupação de leitos de UTI voltou a ficar acima de 80%.

Um efeito colateral da pandemia: o crescimento da demanda por anestésicos, especialmente aqueles usados no kit intubação para tratar pacientes com Covid-19, fez veterinários adiarem cirurgias em animais de estimação.

Morte do prefeito – No dia 16, morreu o prefeito Bruno Covas (PSDB), aos 41 anos. Desde 2019, ele lutava contra um câncer no sistema digestivo com metástase nos ossos e no fígado. Covas estava internado no Hospital Sírio-Libanês, no Centro da capital paulista, desde 2 de maio, quando se licenciou da prefeitura. No dia 14, teve uma piora no quadro, e a equipe médica informou que seu quadro havia se tornado irreversível. O tucano deixou um filho de 15 anos, Tomás.

Caso Lorena Muniz – Três meses depois de Lorena Muniz morrer em um incêndio na clínica em que faria uma cirurgia de implante de silicone na cidade de São Paulo, a clínica, que funcionava sem autorização, foi interditada. A Defensoria Pública de SP revelou também ter recebido relatos de outras pacientes contra a equipe médica responsável por Lorena.

Crise hídrica – No dia 28, o governo federal emitiu, pela primeira vez na história, um alerta de emergência hídrica para São Paulo para o período que vai de junho a setembro, por conta de previsão de poucas chuvas. No dia 30, o Sistema Cantareira operava com menor capacidade na comparação com a mesma data do ano passado e com 2013, momento de pré-crise hídrica. Segundo especialista, há risco de desabastecimento.

Junho

Pandemia – Apagão de doses de vacina contra a Covid na cidade de São Paulo: no dia 21, levantamento do g1 revelou que mais de 60% das unidades estavam desabastecidas. No dia seguinte, pela primeira vez desde o início da campanha, em janeiro, a vacinação contra a Covid precisou ser suspensa. Segundo o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), todo o estoque de segunda dose disponível na cidade foi utilizado para atender a demanda de imunização no final de semana anterior, e que o estado sabia do risco de a capital paralisar a imunização caso não recebesse um novo lote de vacinas. Já o governo estadual atribuiu a escassez ao atraso nas entregas do Ministério da Saúde. O ministério, por sua vez, disse que envia as doses com base na população-alvo da campanha. Afirmou ainda que a responsabilidade pela distribuição de doses aos municípios é da gestão estadual No dia 22, a campanha foi retomada, e o cronograma de grupos aptos a serem vacinados, alterado.

Violência – No dia 9, dois PMs foram presos por suspeita de executarem dois homens com 30 tiros dentro de um carro. Vídeo registrou os agentes disparando sem que as vítimas tivessem disparado.

No dia 11, a Coalizão Negra por Direitos organizou uma vigília na Avenida Paulista em memória da população negra assassinada no país, como Kathlen Romeu e Gilberto Amancio de Lima, mortos em ações policiais. No Brasil, 75,7% dos homicídios são contra pessoas pretas e pardas.

Já quase no fim do mês, a Justiça Militar absolveu dois PMs do crime de estupro em uma viatura no litoral de SP e disse que a vítima ?não resistiu ao sexo?. Sêmen foi encontrado no carro oficial, que estava em movimento e com giroflex ligado quando a jovem de 19 anos relatou ter sido obrigada a fazer sexo com um agente.

Chuvas – O g1 explicou os três fenômenos que explicam a redução de chuvas em todo o Brasil: o desmatamento da Amazônia, o aquecimento global causado por queima de combustíveis fósseis e o fenômeno natural La Niña. E o reflexo já estamos sentindo: falta de água nas torneiras de casa, conta de luz mais cara e risco de apagão, além dos impactos que a seca pode causar na economia brasileira.

Prédio x estação meteorológica – Um gigante de 23 andares que está em obras ao lado do Mirante de Santana pode interferir nas medições da principal estação meteorológica de SP, e os moradores do bairro se mobilizaram e coletaram mais de 1.500 assinaturas contra a obra. Lei de 1971 impede que construções mais altas do que a estação sejam erguidas no entorno, mas a construtora já iniciou a demolição de casas e a distribuição de panfletos do empreendimento.

Homofobia – Quase 60% dos moradores da cidade de SP já presenciaram ou sofreram preconceito por orientação sexual ou de gênero, diz pesquisa da Rede Nossa SP/Ipec. Além disso, para 71% dos entrevistados, a prefeitura faz pouco ou nada para combater a violência de gênero. No mesmo dia em que o levantamento foi divulgado, e durante o mês do Orgulho LGBTQIA+ , um caso de suspeita de homofobia foi divulgado: um jovem de 22 anos foi morto a tiros em uma barbearia na Grande SP, e a família suspeita que tenha motivação homofóbica. Um desconhecido mascarado atirou quando ele se preparava para cortar o cabelo e fugiu.

Julho

Pandemia – Fraudes nas vacinas marcam o mês de julho desde o dia 1º: viralizam nas redes sociais casos de profissionais da saúde que tomaram doses extras do imunizante contra a Covid sem orientação. Uma delas, veterinária, tomou três doses da vacina para se sentir ?mais protegida e viajar para onde quiser? burlando o sistema. No dia 14, já eram 160 o número de pessoas investigadas pela Secretaria da Justiça por furarem ou fraudarem a fila da vacinação da Covid em SP. As multas para quem cometeu irregularidades variam de R$ 1.450 até R$ 98,9 mil.

Também no dia 14, a Defensoria Pública de SP e o Ministério Público pediram que a Prefeitura de SP explique os critérios de vacinação contra Covid, pois bairros nobres têm mais imunizados. Os órgãos sugeriram medidas como mais postos nas regiões periféricas e ampliação do horário da vacinação para diminuir desigualdades entre bairros.

Em Brasília, a CPI da Covid traz revelações sobre o processo de compra heterodoxo usado pelo governo federal para selecionar vacinas contra a Covid: em março, quando ainda era ministro, o general Eduardo Pazuello se reuniu com intermediários que ofereceram doses da CoronaVac pelo triplo do preço oferecido pelo Instituto Butantan. No contrato do governo federal com o instituto, as doses saíram a US$ 10 cada uma. Mas, por meio dos intermediários, o preço seria US$ 28 por dose. Ao g1, Dimas Covas afirmou que alertou ‘várias vezes’ Pazuello e o Ministério da Saúde que só o Butantan representava a Sinovac no Brasil.

A segurança dos dados cadastrais do SUS é posta em dúvida: o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos diz que seus dados foram alterados ilegalmente. O Ministério da Saúde reconheceu a alteração na base e afirmou que solicitou bloqueio de credencial da pessoa que realizou a ação.

Vacinação também pode ser leve, e a Prefeitura de Ribeirão Pires, na Grande SP, mostrou isso ao criar memes para incentivar jovens a se imunizar contra a Covid. Em montagens nas redes sociais, o perfil oficial da cidade no Instagram brinca com a palavra ‘vacina’ e os nomes de famosos para fazer trocadilhos. Entre os jogos de palavras, estão VaciNey (em referência ao jogador de futebol Neymar ), VaciNando (em alusão ao cantor e compositor Nando Reis) e VaciNado (referindo-se ao ato de nadar).

No fim do mês, o governo de SP volta a flexibilizar as regras da quarentena e amplia o horário de funcionamento do comércio até a meia-noite e com capacidade para até 80%. O anúncio foi feito devido à queda nas internações por Covid-19 e ao avanço da vacinação com 1ª dose no estado. Os indicadores de saúde, no entanto, ainda estavam em patamar elevado.

Frio – Com termômetros marcando 5,3ºC, a cidade de São Paulo registrou a menor temperatura do ano no dia 29 no Mirante de Santana, na Zona Norte de SP. O recorde de frio faz famílias de Marsilac, no extremo da Zona Sul, perderem plantações e recorrerem a forno a lenha para aquecer a casa. O distrito registrou -2,3ºC em 21 de julho, a menor temperatura em uma região da cidade em 17 anos. E a onda de frio trouxe uma dúvida: nevou ou não na cidade de São Paulo? Chegada de frente fria à capital reacende debate sobre registros de 1918, mas meteorologistas ressaltam que não há nenhum registro de neve na capital desde 1910, quando começaram as medições na cidade. Uma geada forte ocorrida em 1918 na Avenida Paulista pode ter iniciado a crença de que nevou na capital.

Fraude na USP – A Universidade de São Paulo expulsou seis alunos da graduação por fraude em cotas para pessoas pretas, pardas e indígenas. Nos últimos quatro anos, a Pró-Reitoria de Graduação da universidade recebeu 381 denúncias do gênero.

Patins em SP – Com a marquise do Ibirapuera fechada há dois anos, patinadores ocupam o Vale do Anhangabaú antes mesmo da reinauguração oficial, além de outros pontos da cidade.

Fogo no Borba Gato – No dia 24, um grupo ateou fogo na estátua de Borba Gato, monumento associado ao papel do bandeirante na caça e na escravidão de índios e negros. O grupo desembarcou de um caminhão, espalhou pneus pela via e nos arredores do monumento e ateou fogo à estátua. Avaliação da Defesa Civil apontou que o fogo não comprometeu a estrutura. Foi aberta uma investigação policial e, no dia 30, a Justiça concedeu liberdade a uma mulher que foi presa por suspeita de envolvimento no caso. Ela disse à polícia, no entanto, que estava em casa cuidando da filha de 3 anos e do irmão no momento da manifestação. O marido dela continuou preso.

No dia 30, a vereadora Luana Alves (PSOL) propôs trocar a estátua de Borba Gato por uma de Tereza de Benguela, líder quilombola do século 18. O abaixo-assinado está alinhado com projeto de le que pretende realizar um levantamento de nomes de vias públicas e imagens na cidade que homenageiam escravocratas e iniciar um processo de recontextualização desses símbolos.

Aids – O estado de SP registra queda de 74% de óbitos por Aids em 24 anos, segundo um levantamento da Fundação Seade. A redução é reflexo de ações voltadas para prevenção, testagem e tratamento; contudo, portadores do HIV contam que receber o diagnóstico ainda soa implacável como 40 anos atrás devido ao preconceito.

Olimpíadas de Tóquio – Após a mudança de calendário provocada pela pandemia em 2020, as Olimpíadas de Tóquio neste ano foram marcadas por ótimos resultados dos atletas do Brasil. Rebeca Andrade, ginasta que fez história nas Olimpíadas de Tóquio, ao conquistar duas medalhas olímpicas na modalidade, começou a carreira em um projeto social de Guarulhos, na Grande SP. No rúgbi, atletas que aprenderam o esporte em Paraisópolis representaram o Brasil pela primeira vez em uma Olimpíada.

Fogo na Cinemateca – No fim do mês ocorreu a destruição de parte do acervo da Cinemateca em um incêndio em um galpão. A administração do órgão é de responsabilidade do governo federal, por meio da Secretaria Especial de Cultura, e a Sociedade Amigos da Cinemateca fazia a gestão da Cinemateca Brasileira até que uma nova organização social assuma a administração. Funcionários, pesquisadores e cineastas alertavam sobre o risco de incêndio havia mais de um ano. Cerca de 4 toneladas de documentos sobre a história do cinema no Brasil, equipamentos que eram relíquias para um futuro museu e parte do acervo de Glauber Rocha estavam entre os materiais armazenados no galpão destruído pelo fogo.

Museu da Língua Portuguesa – No último dia do mês, uma boa notícia: o Museu da Língua Portuguesa foi reinaugurado após ter ficado quase seis anos fechado para reforma por causa de um incêndio.

Plano de Metas – O prefeito Ricardo Nunes entregou o Plano de Metas da Cidade de SP à Câmara Municipal com 77 objetivos até 2024. A versão final tem um orçamento total estimado de R$ 30,9 bilhões e, ao todo, são 77 metas divididas em seis eixos principais de atuação. O documento destina a maior parte do orçamento para o eixo denominado “SP justa e inclusiva”, que reúne ações na área de assistência e inclusão social.

Plano Diretor – A revisão do Plano Diretor num ano em que a pandemia persiste dividiu vereadores na capital paulista: parte deles queria análise ainda neste ano e outra pedia uma maior participação popular. A oposição temia que a pandemia prejudicasse a participação popular e favorecesse interesses do mercado imobiliário; texto prevê reavaliação parlamentar do documento em 2021. Prefeitura aposta no modelo híbrido de cooperação dos cidadãos, com audiências virtuais e presenciais.

Complexo do Ibirapuera – De acordo com um estudo, a concessionária responsável pela gestão do novo Complexo do Ibirapuera pagaria R$ 737 milhões de IPTU, mas shopping e hotel previstos em concessão serão isentos. Uma projeção do imposto que empresas pagariam caso o terreno fosse particular foi realizada por consultoria a pedido de associação de moradores. Governo de SP estima lucro de até R$ 2 bilhões para iniciativa privada durante os 35 anos de concessão.

Agosto

Pandemia – A campanha de vacinação contra a Covid-19 na capital paulista chega aos jovens, e a prefeitura decide fazer uma ?Virada da Vacina? de 34 horas para estimular o público de 18 a 21 anos a se imunizar. Com o avanço da campanha, o governo de SP suspende as restrições de horários e público da quarentena: o uso de máscara ainda é obrigatório e há recomendação para evitar aglomerações, mas torcida em estádios e shows com público em pé têm estimativa para serem liberados: novembro. No dia 23, a prefeitura divulga que vai exigir comprovante de vacinação contra Covid para entrada em eventos, shoppings e restaurantes.

Em São Bernardo do Campo, na Grande SP, 16 ‘”sommeliers de vacina” receberam o mesmo imunizante que haviam recusado antes.

Horta comunitária – Num dos bairros com menos vegetação da capital, a Mooca, na Zona Leste, uma ilha verde com mais de 200 árvores nativas e exóticas, pomar e uma estufa com hortaliças e ervas onde moradores do bairro podem plantar e colher, está prestes a ser desalojada. A área da Horta das Flores, que existe há 17 anos, deve dar lugar a habitações populares, mas moradores do entorno entraram na Justiça para tentar impedir a construção.

Fome – A pressão da inflação sobre os preços de comidas obriga famílias a substituir itens nas refeições. Com R$ 1.100 para 9 pessoas, idosa conta que tem pedido gordura de boi em açougue, além de ter de recorrer a doações para conseguir alimentar a família.

Afeganistão-São Paulo – O afegão Masood Habibi, de 29 anos, radicado em São Paulo, voltou a seu país para trazer a família com ele. Devido à pandemia, porém, os vistos não foram concedidos. E, agora, com a tomada de poder pelo grupo extremista islâmico Talibã, está numa situação que jamais imaginou: trancado com a esposa e o filho de 4 anos há três dias na casa do irmão.

Fogo no Juquery – No dia 22, chamas tomaram conta do parque estadual do Juquery, localizado na Zona Leste da Grande São Paulo. Segundo a prefeitura, a queda de um balão teria provocado o fogo. Mil homens, entre bombeiros, brigadistas e voluntários combateram o incêndio na área e 53% de toda a mata foram consumidos pelo fogo. Animais foram resgatados em meio ao incêndio; área tem ouriço, onça-parda, lobo-guará.

Chuva de fuligem – Por conta do vento, as cinzas do Juquery foram transportadas para a capital paulista. O fogo e a fumaça foram tão intensos que causaram até uma “chuva de fuligem” em vários bairros, como relataram moradores em redes sociais.

Setembro

Pandemia – O governo de São Paulo contraria a recomendação do Ministério da Saúde e afirma que não vai priorizar o imunizante da Pfizer como dose de reforço. Cientistas que estudam a pandemia criticaram a opção do governo estadual e destacaram estudos que mostram maior proteção para idosos com uma dose de reforço da Pfizer, como estipulado pelo ministério. A prefeitura da capital se compromete a priorizar o fabricante na aplicação, contanto que receba novas remessas.

A cidade de São Paulo passa a exigir comprovante de vacinação para entrada em eventos com mais de 500 pessoas; bares, restaurantes e shoppings ficam de fora da medida.

No dia 29, a Justiça de SP condenou a operadora de saúde Prevent Senior a pagar R$ 2 milhões à família de um paciente que tomou ?kit Covid? após ser internado em unidade da operadora de saúde na capital paulista, não recebeu o atendimento adequado e precisou ser transferido para o Hospital Albert Einstein. Segundo o juiz, houve falha no atendimento prestado pela operadora de saúde.

Bienal – Após ser adiada por conta da pandemia, a 34ª Bienal de São Paulo tem início e propõe discutir qual é a ‘voz’ da arte em tempos sombrios, por meio do tema ?Faz escuro mas eu canto?, verso do poeta Thiago de Mello escrito em 1965 em oposição à ditadura militar.

Alta dos combustíveis – Motoristas da capital reduziram o uso do carro, e o principal motivo para isso foi o aumento do preço dos combustíveis, segundo um levantamento realizado pela Rede Nossa São Paulo. O número de motoristas que citam esta como a razão para terem diminuído o uso do carro no último ano aumentou de 4% para 35% na cidade de São Paulo. A pandemia aparece em segundo lugar como o principal desmotivador para o uso do automóvel, com 32%.

A mesma pesquisa apontou que a quantidade de pessoas que se deslocam a pé na cidade cresceu 17 pontos percentuais em um ano. De forma isolada, é o meio de locomoção mais utilizado em todo ou em parte dos trajetos feitos pelos moradores da capital.

Miséria – No dia 23, movimentos sociais ocuparam a Bolsa de Valores, em SP, por cerca de uma hora, em protesto contra o desemprego e a inflação. Eles carregavam faixas e cartazes com frases como ‘Sua ação financia nossa miséria’, e alguns levaram ossos bovinos, que têm sido o símbolo da fome no país depois que famílias passaram a depender deles para ter algum alimento.

Também em setembro, uma mulher de 32 anos morreu após ter 90% do corpo queimado enquanto usava álcool combustível para cozinhar em casa. Ela deixou um filho de 8 meses, que também sofreu queimaduras, mas se recuperou e está morando com o pai. A mãe passava por dificuldades financeiras e estava sem dinheiro para comprar gás de cozinha.

Quem vê close não vê corre – Modelos de lojas do Brás usam mansões dos Jardins como cenário para ensaios fotográficos na rua. Elas chegam a fazer 70 trocas de roupas em um dia para postarem no Instagram e em catálogos de lojas populares que fazem vendas online. Carro e barracas improvisadas viram ?camarins? nas ruas do bairro nobre de São Paulo. A recepção nem sempre é das melhores: alguns moradores se incomodam e expulsam as equipes da frente das casas.

Carros por aplicativo – Ficou mais difícil conseguir pegar carro por aplicativo na capital. Mesmo com reajuste no valor da corrida feito pelas empresas de aplicativos, motoristas de SP escolhem as viagens para economizar combustível. Argumento dos motoristas é que o repasse ainda não é o suficiente para arcar com o preço da gasolina, a manutenção do veículo e as contas de casa.

Falta de água – Moradores de todas as regiões da cidade reclamam que a água está acabando mais cedo, e a Sabesp admite que reduziu a pressão. Para o Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente (Sintaema), a redução de pressão sempre ocorre, mas agora o que está em vigor é o racionamento de água. São Paulo vive a pior seca em 91 anos.

Cinzas e arte – O artista Mundano usa tinta à base de cinzas de florestas brasileiras para pintar um mural de 780 m² no Centro de SP. A releitura da obra ?O lavrador de café?, de Cândido Portinari, é uma homenagem aos brigadistas e contrária às queimadas de florestas brasileiras.

Cartas de mulheres – Um grupo de pesquisadoras da Universidade de São Paulo (USP) reuniu, pela primeira vez, mais de 150 documentos de autoria de mulheres, ou relatos de seus discursos, escritos entre 1500 e 1822. Episódios de agressão, preconceito, abuso, que aparecem nas cartas, também são recorrentes no Brasil do século 21. Desde 2006, o g1 noticia casos sobre violência doméstica e lesbofobia, por exemplo.

Outubro

Pandemia – No dia 2, o estado de SP ultrapassou 150 mil mortes confirmadas por Covid-19 desde o início da pandemia. Se fosse um país, São Paulo seria o oitavo do mundo com mais vítimas da doença. No balanço do mês, entretanto, os indicadores mostram um arrefecimento na contaminação: outubro foi o mês com menor número de mortes por Covid desde abril do ano passado, segundo dados da Secretaria estadual da Saúde. A média diária de mortes em outubro foi de 71, a menor desde o início da pandemia.

No dia 5, os estádios de futebol de São Paulo voltaram a receber torcedores com limitação de 30% da capacidade, que será ampliada gradualmente até os 100% em novembro.

As aulas nas redes pública e privada se tornam obrigatoriamente presenciais para todos os alunos do estado, e a decisão traz receios a alunos que convivem com pessoas com comorbidades. Apesar da determinação do governador, a secretaria diz que só 24% das escolas estaduais estão aptas a receber 100% dos alunos. A Unesco apoia a volta do ensino presencial obrigatório, e especialistas pedem protocolos e reformas nas escolas.

Tem início na cidade de São Paulo a CPI da Prevent Senior na Câmara, que, após denúncias levadas à CPI da Covid no Senado, vai investigar a atuação da operadora de saúde, acusada de subnotificação de mortes por Covid e falsificação de atestados de óbito.

No dia 25, o estado de SP chegou a 100% da população adulta vacinada com pelo menos uma dose contra a Covid-19: são 35,3 milhões de adultos parcialmente imunizados; 86,6% da população adulta está com esquema vacinal completo.

Entre a felicidade e a preocupação: idoso fica 191 dias internado com Covid, sendo 100 deles intubado, tem alta e agora deve R$ 2,6 milhões a hospital particular de SP. Segundo a filha, que criou uma vaquinha online para arrecadar doações para amortizar a dívida, não havia vaga em hospital público quando o pai, de 72 anos, foi internado. Segundo o Hospital São Camilo, internações de longa permanência podem resultar em valores altos, e a família era atualizada com frequência.

Abastecimento de água – Em outubro, o Sistema Cantareira chegou a 29% de sua capacidade e entrou em faixa de restrição; nível do reservatório já é o menor em pelo menos cinco anos.

Apagão do WhatsApp – No dia 4, uma pane global tirou do ar o WhatsApp, o Facebook e o Instagram e provocou um surto coletivo. Sem poder usar o ?zap?, teve até quem se esquecesse de que podia usar o telefone e fazer o básico: ligar para a pessoa que aguardava o contato. A pane, que levou seis horas, trouxe prejuízos para muita gente, como uma plataforma de delivery integrada com o WhatsApp para receber pedidos de delivery sem taxas ou comissões que é utilizada por mais de 175 mil restaurantes no Brasil.