Imprensa

11.08.2020

Pesquisa revela que 7,5 milhões de paulistas não acessaram a internet em 2019

Site G1 – 11/08/2020
Em 2019, sete milhões e meio de paulistas não acessaram a internet, de acordo com uma pesquisa da Fundação Seade sobre o uso individual da internet em São Paulo. O número corresponde a 20% dos paulistas moradores de áreas de alta vulnerabilidade social. Na região metropolitana de São Paulo, 42% dos domicílios, ou 825 mil moradias, não têm banda larga.
A pesquisa também revelou que:
Em tempos de pandemia, com mais gente estudando e trabalhando de casa, a situação se torna mais grave.
O entregador Diego Vinícius, de 24 anos, é morador do Jardim Vera Cruz, Zona Sul, uma das regiões onde a conexão é mais problemática. O trabalho está impraticável.
“Para trabalhar com entrega, no caso eu usaria os dados, usaria o celular, e no celular a gente encontra problema de sinal aqui, né, como não tem muitas antenas transmissoras de sinais, o sinal aqui ele é bem escasso”, afirma.
Com a ajuda da internet, o estudante Mateus Batista da Silva, de 23 anos, conta que aprendeu oito línguas, mas para isso precisou se desdobrar. A casa dele tem wi-fi, mas funciona apenas a cada dois ou três dias.
“Às vezes eu ia na casa do tio, que é aqui do lado, na casa de uma melhor amiga minha que eu tenho para poder conseguir acessar. Meu celular só depois do Jardim Ângela que funciona o 4G, a 9 quilômetros daqui”, afirma.
No bairro, o agente comunitário Felipe Costa coordena um cursinho popular no que tem cerca de 50 alunos. Ele diz que a maioria tem celular, mas sem internet. Com a pandemia, o problema se agravou, porque nas casas a situação é pior ainda.
“Talvez essa internet em casa fosse uma política pública necessária para garantir a educação. Eu não vejo interesse de nenhuma operadora em colocar uma antena aqui. A gente precisa pensar que as pessoas utilizam isso não para ficar ociosas, não é o telefone pelo telefone, é uma ferramente de trabalho do cotidiano, uma ferramenta de estudo, de desenvolvimento. Então deveria ser uma política pública sim”, afirma.
No Capão Redondo, também na Zona Sul, há um outro tipo de problema. O analista de atendimento Thiago Lima tem internet, mas descobriu que na região apenas uma operadora oferece a conexão mais rápida, de fibra.
É o que ele precisa para trabalhar de casa durante a pandemia. Mas na hora da instalação, não tinha mais espaço no emaranhado de fios perto da casa dele. A assinatura só foi possível graças à boa vontade de um funcionário.
“Teve uma boa intenção em puxar um fio aqui de casa pela rua de trás, porque se não fosse isso eu ficaria sem até hoje”, afirma.
A coordenadora da pesquisa, Lilia Belluzzo, afirma que a exclusão fica clara nessa falta de oportunidade da comunicação.
“A gente tende a gerar um abismo social ou agravar as desigualdades que já existem…É muito sério e é importante que a gente monitore. Então essa pesquisa eu acho que ela traz, ela põe luz nisso, né?”, afirma.