Imprensa

12.08.2020

Cerca de 7,5 milhões de pessoas nunca acessaram a Internet em SP, diz pesquisa

Diário da Região, de SJRio Preto
Estudo inédito, resultado da parceria entre o Seade e o Cetic.br/NIC.br, aponta restrições no acesso à internet e limitações na utilização da web para atividades de trabalho e estudo entre as famílias residentes em áreas socialmente vulneráveis do Estado de São Paulo em comparação àquelas que residem em áreas mais favorecidas.
Em 2019, 77% da população com idade de 10 anos ou mais era usuária de internet, correspondendo a cerca de 30,5 milhões de pessoas. Nos estratos de baixa vulnerabilidade, o porcentual de usuários alcançou 78%, quase 20 milhões, enquanto naqueles de alta vulnerabilidade tal proporção diminui para 75%, o que equivale a pouco mais de 10 milhões de usuários. Por outro lado, quase 20% dos paulistas “cerca de 7,5 milhões de pessoas” declararam nunca ter acessado a internet.
A forma de acesso à rede é também diferenciada segundo o grau de vulnerabilidade social da população. Entre os moradores de áreas de alta vulnerabilidade social, 67% se conectaram à rede exclusivamente pelo telefone celular, contra 45% dos residentes em áreas de baixa vulnerabilidade social. Essa desigualdade é ainda maior na Região Metropolitana de São Paulo: enquanto 61% dos usuários residentes em áreas de baixa vulnerabilidade acessaram a rede por meio de celulares e computadores, na alta vulnerabilidade 70% o fizeram somente a partir de telefones celulares.
Tipo de utilização e banda larga fixa
Entre os residentes nas áreas de baixa vulnerabilidade social, é maior a proporção de usuários que utilizaram a web para atividades de trabalho (36%) ou estudo (41%). Já nas áreas de alta vulnerabilidade esses porcentuais giram em torno de 30%. Tais resultados podem indicar inserções e tipo de ocupações socialmente distintas entre os segmentos destacados.
Essas desigualdades seguem significativas na RMSP, sobretudo no acesso à rede para iniciativas de estudos, com diferenças da ordem de 20 pontos porcentuais, conforme a condição social do usuário. Essas modalidades não incluem a realização de cursos a distância, reportada por 13% dos entrevistados, mais frequente nos segmentos de baixa vulnerabilidade (15%) do que nos estratos de alta vulnerabilidade (9%). Estudar a distância é um dos maiores desafios impostos pela pandemia e a pesquisa aponta que os mais vulneráveis saem em desvantagem, em grande medida, pela maior dificuldade de acesso às tecnologias de informação e comunicação.
Na RMSP, a desigualdade no acesso aos recursos de banda larga fixa é mais acentuada que no Estado, visto que 42% dos domicílios (825 mil moradias) em situação de alta vulnerabilidade não possuíam acesso aos benefícios dessa forma de conexão. O acesso à banda larga fixa entre os domicílios do Estado é representado, sobretudo, pela conexão via cabo de TV ou fibra ótica (50%). Mas essa opção declina entre as moradias em áreas de alta vulnerabilidade (44%), onde a conexão móvel via chip 3G ou 4G era o tipo disponível para cerca de um quarto dos domicílios.
Os resultados foram obtidos a partir do reprocessamento de dados da pesquisa TIC Domicílios 2019 e com base em informações da Fundação Seade. Em sua 15ª edição, a TIC Domicílios realizou entrevistas em 23.490 domicílios em todo o território nacional entre outubro de 2019 e março de 2020, com o objetivo de medir o uso e apropriação das tecnologias da informação e da comunicação nos domicílios, o acesso individual a computadores e à Internet, e atividades desenvolvidas na rede, entre outros indicadores (mais informações em www.cetic.br). A presente análise considerou uma amostra de 4.068 domicílios localizados no Estado de São Paulo.
O Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação) ? departamento do NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR) e ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) – tem a missão de monitorar a adoção das tecnologias de informação e comunicação no Brasil. O Seade – Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados é a agência paulista de estatísticas que há mais de 40 anos coleta, analisa e dissemina dados sobre o Estado de São Paulo. No início de 2020, as instituições celebraram um convênio para compartilhar informações, aperfeiçoar metodologias e desenvolver pesquisas e análises em conjunto.