Imprensa

20.12.2021

Setor de eletricidade e gás puxa os investimentos na região de Bauru

Jornal Cidade de Bauru – 19/12/2021

O setor de infraestrutura ligado ao gás e eletricidade é o que mais tem recebido aportes financeiros na região administrativa (RA) de Bauru, composta por 39 municípios, em 2021. O dado é da Pesquisa de Investimentos Anunciados no Estado (Piesp) da fundação Seade, segundo a qual foram previstos R$ 445,1 milhões na região, entre maio e agosto deste ano – meses em que a coleta de dados com empresas foi realizada.

Deste total, R$ 349,3 milhões (78,5%) são relativos justamente à infraestrutura, sendo que o segmento de gás e eletricidade corresponde sozinho a uma fatia de R$ 251,3 milhões (56,5%) do montante. O maior aporte previsto comtempla Lençóis Paulista e partiu da Zilor, empresa de produção de alimentos e energia que anunciou investimentos na ordem de R$ 250,1 milhões em sua usina termelétrica de biomassa.

O levantamento em questão funciona como um termômetro sobre as tendências regionais da economia paulista. Ele é elaborado com base em monitoramento realizado por meio da captação diária de informações publicadas na imprensa sobre as empresas públicas e privadas. Os dados são confirmados e a equipe da instituição coleta mais detalhes como tipo, período, valor e local do investimento. As informações são divulgadas por municípios e regiões administrativas (veja mais no quadro).

Analista da gerência de economia da Fundação Seade, Margarida Kalemkarian aponta que, há pelo menos três anos, Lençóis Paulista tem se destacado na RA de Bauru como um dos municípios com mais anúncios de investimentos.

“Entre 2019 e 2020, o destaque ficou com a Bracell, que chegou a investir R$ 1 bilhão na modernização da fábrica de celulose nas instalações de gaseificação de biomassa e no sistema de energia. Desta vez, é a Zilor. O mercado de bioeletricidade cresceu bastante e o governo tem comprado eletricidade produzida a partir de biomossa. A informação é de que a Zilor teria arrematado concessão em leilões da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e, agora, tem apostado em usinas termelétricas de bioeletricidade e produção de gás biometano”, comenta Margarida. A concessão é por 20 anos e a operação seria a partir de 2024.

Ainda no setor de infraestrutura, outra empresa que se destaca, mas na área de atividades auxiliares de transportes, sendo responsável por 19,8% dos investimentos anunciados, é a Arteris Via Paulista. Concessionária de rodovias, ela previu aportes na ordem de R$ 88 milhões em trechos da SP-255, como na rodovia Otávio Pacheco de Almeida Prado, a Jaú-Barra Bonita.

Ainda neste segmento, a Rumo, empresa de transporte ferroviário, anunciou investimentos de R$ 10 milhões para a construção de um viaduto em Bauru, em 2021. Já no caso da CPFL Paulista, R$ 1,2 milhão para esse ano.

COMÉRCIO E SERVIÇOS

A pesquisa mostra ainda que setor de comércio recebeu R$ 55,5 milhões (12,5%) do total de investimentos anunciados, todos no ramo de atacado e aplicados pela empresa Tenda Atacado, que amplia e melhora sua loja de Jaú.

No segmento de serviços, onde foram aportados R$ 25,3 milhões (5,7%) do total de investimentos anunciados, a Educação foi destaque. Entre os investimentos está o do Senac, que teria aplicado sozinho R$ 22 milhões na economia para ampliação de sua unidade em Bauru.

Ainda no setor de serviços, a empresa Concilig é ressaltada pelo anúncio de R$ 3,3 milhões em aplicações na empresa, que além de call center tem apostado em vendas.

INDÚSTRIA

O segmento da indústria segue desempenho mais fraco, de acordo pesquisa. Impactado pela retração do consumo interno e das exportações em razão da pandemia, os investimentos totais anunciados são de R$ 15 milhões (3,3%). Valor este que a empresa N1 Alimentos informou investir na modernização de sua fábrica em Itaju para a produção de açúcar especial.

“No geral, a RA de Bauru está dentro da média, R$ 445 milhões é um valor razoável em investimentos. Está acima de Presidente Prudente (R$ 355 milhões) e de Marília (R$ 155 milhões). Existe um clima de insegurança ainda em razão da pandemia, muitas empresas com medo de apostar. A inflação alta, os juros maiores e a incerteza no cenário político não têm ajudado”, finaliza a analista do Seade.