Imprensa

24.08.2020

Em 30 anos, número de pessoas acima de 75 anos mais que dobrará em Bauru

Jornal Cidade de Bauru – 23/08/2020
Até 2050, primeira metade do século 21, Bauru passará por uma relevante mudança no padrão etário de sua população. De acordo com as projeções elaboradas pela Fundação Seade, o número de pessoas a partir de 75 anos mais que dobrará nos próximos 30 anos, avançando dos atuais 15.919 para 41.745 habitantes — alta de 162%.
Por outro lado, o estudo aponta tendência de queda do número de moradores com menos de 15 anos, que praticamente irá se igualar ao de idosos acima de 75 anos a partir de 2050. A redução esperada deste grupo de jovens é de 62.683 para 42.566 habitantes, o que corresponde a uma variação negativa de 32%.
Quanto aos demais grupos etários, a projeção para a faixa de 15 a 39 anos é de redução populacional de 30%; para a compreendida entre 40 e 59 anos, ocorrerá queda de 2,5%; e, no grupo de 60 a 74 anos, a expectativa é de aumento de 68%.
Já em relação ao maior volume populacional, hoje concentrado na faixa entre 20 e 39 anos (116.322 pessoas), o Seade também projeta mudança. Até 2050, o grupo com esta idade deverá encolher e chegar a 81.338 habitantes, sendo superada pela faixa de 40 a 59 anos, que será representada por 97.553 moradores.
O processo de envelhecimento da população de Bauru, revelado pela Fundação Seade, acompanha uma tendência nacional. Segundo a demógrafa e gerente de Demografia da instituição, Bernadette Waldvogel, o estudo considera três principais estatísticas: taxa de fecundidade, taxa de mortalidade e migração, sendo os dois primeiros os mais relevantes para compor a projeção do padrão etário da cidade.
“E, hoje, a fecundidade, que corresponde ao número de filhos por mulher, está bem baixa, em 1,6, 1,7 no Estado. Por outro lado, o risco de morte está cada vez menor. Então, esta população na faixa dos 65 anos, que veio de uma geração em que as famílias tinham muitos filhos, aumentou e vai contribuir para esta maior expressividade populacional do grupo de idosos nas próximas décadas”, detalha, salientando que o objetivo do estudo é fornecer ferramentas para o planejamento de longo prazo de políticas públicas.
INÍCIO
O professor de geografia Mauricio Tadeu Leal lembra que o processo de envelhecimento da população já é algo consolidado em países desenvolvidos, como os da Europa. No Brasil, foi um fenômeno que teve início na década de 1940, com a migração de um grande contingente populacional do campo para a cidade.
“A urbanização garantiu às gerações que foram surgindo melhores condições de vida, o que significou aumento de anos vividos. Nas décadas passadas, o meio rural era bastante difícil e perigoso. Quando vieram para a cidade, estas pessoas tiveram, apenas para citar alguns exemplos, acesso ao saneamento básico, condições mais seguras de trabalho, bem como um atendimento médico hospitalar mais facilitado”, descreve Leal.
Com isso, a expectativa de vida dos brasileiros, que era de 45 anos, começou a aumentar, até chegar aos atuais 77 anos. “E a perspectiva é continuar agregando anos à vida dos brasileiros. Então, vai continuar aumentando a quantidade de pessoas acima de 60 anos e os superidosos, acima de 85 anos, já começam a aparecer em número bastante expressivo”, acrescenta.