Imprensa

28.12.2023

49% do interior de SP utiliza aplicativos para compras e contratação de serviços

Correio Popular , de Campinas – 28/12/2023

Praticamente metade da população do Estado de São Paulo usa aplicativos de smartphones, os chamados apps, para aquisição de produtos e contratação e pagamento de serviços. É o que revela uma pesquisa realizada pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) sobre o hábitos de consumo dos paulistas, que ouviu 4.061 entrevistados de 18 anos ou mais de todas as regiões.

De acordo com o levantamento, a utilização no interior paulista é de 49%, vai a 51% na Região Metropolitana de São Paulo (exceto a capital) e chega a 54% no município de São Paulo. Para a Seade, a diferença pode ser explicada pela dinâmica desse modelo de negócio, que requer mercado consumidor mais amplo e concentrado geograficamente, o que é requisito para a viabilidade econômica das empresas de aplicativos. Outro fator que explica o avanço do uso dos programas para serem usados em dispositivos eletrônicos é a universalização da internet de banda larga.?

“Ela se expandiu rapidamente, mas em tempos relativamente recentes. Antes, tinha custo elevado. Sua universalização, diretamente responsável por esse salto, permitiu a colocação de uma infinidade de comodidades na palma da mão, 24 horas por dia e sete dias por semana”, explicou o diretor adjunto de Comunicação, Tecnologia e Informação da Fundação Seade, Marcelo Moreira.

Os dados da pesquisa atestam que 26% dos entrevistados fazem compras diariamente por aplicativos e 62% pelo menos uma vez por semana, o que pode ser desde a chamada de um serviço de transporte, o uso de aplicativo para pedir comida e até mesmo a aquisição de um bem. “Hoje em dia, eu faço tudo pelo celular. Pago contar, chamo um carro e até compro tênis. Não tem mais como ficar sem usar”, disse a babá Ana Lúcia dos Santos. Ela se encaixa entre os consumidores que usam o Pix para fazer pagamentos.

O sistema de transferência monetária instantânea é o meio mais usado entre os jovens (18 a 29 anos), chegando a 35% e superando todas as demais faixas etárias. Entre pessoas de 30 a 44 anos, 45 a 59 e a partir dos 60 anos, o índice ficou abaixo dos 20% (17%, 11% e 12%, respectivamente).QUEM MAIS USASegundo o levantamento da Seade, a forma mais comum de pagamento ainda é o cartão de crédito, com 64% dos consumidores utilizando esse meio. Porém, o uso do cartão de crédito é maior entre aqueles de 30 a 44 anos (68%) e menos frequente entre os de 18 a 29 anos (55%).

Entre a amostra que participou da pesquisa, 19% utiliza o Pix e 17% cita outras formas de pagamento.A pesquisa sobre os hábitos de consumo por apps mostra também que os mais jovens (67%), mais escolarizados (63%) e os de famílias com maiores rendimentos (73%) são os que mais utilizam o serviço. No interior, 63% dos entrevistados responderam que fazem uso de aplicativos para compra, entrega ou serviço ao menos uma vez por semana, 24% utilizam pelo menos em uma ocasião no mês, enquanto 13% apenas esporadicamente.

A terapeuta Mariana Magri Pereira recorre aos aplicativos, em média, três vezes por semana, principalmente para serviço de transporte. “Tudo fica mais fácil usando o smartphone, não dá para ficar sem ele”, resumiu. Ela paga as contas, contrata serviços, faz pesquisa de preços, controla a conta bancária e outras atividades pelo aparelho.

O levantamento revelou ainda que o maior uso dos recursos eletrônicos é entre as pessoas mais jovens. De acordo com a pesquisa, 68% das pessoas de 18 a 29 anos utilizam aplicativo para compra, entrega ou serviço pelo menos uma vez por semana, índice que é de 65% entre a população de 30 a 44 anos. ?Os mais jovens entendem e participam de forma natural, como se aquilo sempre tivesse feito parte da vida. A adoção é natural?, avaliou o diretor da Seade.

Apesar de a taxa ser menor, o uso também é expressivo entre o público de mais idade. Entre quem tem 45 e 59 anos, 58% utilizam ao menos uma vez por semana, 29% uma vez por mês e 13% esporadicamente. Acima de 60 anos, os índices são, respectivamente, de 48%, 35% e 17%. Quanto ao nível de escolaridade, o uso mais frequente se dá entre quem tem ensino superior (65%), seguido por quem tem ensino médio (59%) e fundamental (28%).Em relação à renda financeira, o uso de aplicativos é de 43% entre os que ganham até um salário mínimo (R$ 1.320), índice que sobe para 59% nos consumidores que recebem até três mínimos, passa para 69% para até dez mínimos e atinge o pico de 76% nos acima dos que ganham mais de R$ 13,2 mil mensais.

APLICAÇÕES

De acordo com a Seade, a aplicação mais comum entre os usuários de apps do interior é para pedir comida (40%). O transporte representa 10%. A vendedora Cleiciane Souza, 18 anos, tem uma periodicidade de utilização do celular de duas vezes semanais, principalmente nos dois primeiros casos. “Não faço compras porque não confio”, explicou. Para Marcelo Moreira, os aplicativos vieram para ficar, apesar dos receios e barreiras que envolvem o uso. “É um caminho sem volta, já que a tendência é que o percentual de usuários siga crescendo nos próximos anos”, afirmou. “A consolidação do uso dos aplicativos se deu muito antes da emergência sanitária global (pandemia de covid-19), que apenas dinamizou o fenômeno”, acrescentou o diretor da Seade, órgão ligado ao governo estadual.

“Para se ter uma ideia, há 20 anos ninguém pagava contas pela internet, algo cotidiano atualmente. O pagamento via Pix, para muitos, é novidade. Porém, para 35% dos jovens é uma coisa do dia a dia. São os ciclos”, completou. Os jovens são os early adopters (uma espécie de clientes iniciais de um novo produto, que o utilizam antes da maioria dos outros consumidores), ou seja, os mais propensos a aderir a produtos e serviços antes que a maioria o faça.

A avaliação da pesquisa da fundação é respaldada por outros dados. O faturamento das vendas em e-commerce alcançou a marca de R$ 80,4 bilhões no primeiro semestre de 2023, segundo dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). O resultado representa um aumento de 2% na comparação com igual período do ano anterior. Os segmentos de eletrodomésticos, moda, alimentos e bebidas, eletrônicos, telefonia, casa e decoração e informática estão entre os destaques de vendas no acumulado dos seis primeiros meses deste ano.

Atualmente, as compras pela internet representam mais de 10% de todo o segmento do varejo nacional, segundo a entidade.As projeções da ABComm é que as vendas online devem ter um faturamento de R$ 185,7 bilhões em 2023. Os resultados da Black Friday e do Natal vão pesar para o resultado no segundo semestre. “Essas datas são importantes para as vendas”, afirmou o presidente da entidade, Maurício Salvador.Marcelo Moreira lembrou que o uso de aplicativos para smartphones abrange hoje serviços elementares, como tirar a Cédula de Identidade (RG), renovar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e o licenciamento de veículos.

Quando os mais velhos têm alguma dificuldade para acessar os recursos disponíveis, eles recebem ajuda dos mais novos e aprendem.Outro estudo da Fundação Seade mostrou que, atualmente, 71% dos domicílios paulistas conectados à internet acessam a rede através da banda larga. A maior parte da conexão é feita por tecnologia de fibra ótica/cabo de TV. Por outro lado, 18% dos domicílios permanecem dependendo exclusivamente de conexão móvel (via modem ou chip 3G ou 4G), o que leva a limitações do acesso.

O levantamento mostrou que ouve incremento na velocidade de conexão nos domicílios do Estado de São Paulo, com aumento de 20% no uso de internet de 51 megabits por segundo (Mbps) em 2022. Enquanto isso, houve uma queda praticamente na mesma proporção (19%) no uso da rede de 20 Mbps, a menor registrada na pesquisa.”Esse comportamento sugere um investimento em conexão de melhor qualidade nos domicílios, recurso que permite o usufruto de benefícios como maior estabilidade, além de suportar a realização de uma gama maior de atividades on-line”, destacou o estudo da Seade.