Imprensa

20.04.2021

Pesquisa aponta que trabalhadores com menor grau de escolaridade foram mais afetados na pandemia

Site G1, região Alto Tietê – 19/04/2021
Uma pesquisa da Fundação Seade mostra os impactos da pandemia e do isolamento social no mercado de trabalho. Só na Grande SP, região que o Alto Tietê integra, no ano passado houve uma diminuição do contingente de ocupados em 1,3 milhão de pessoas. Mesmo quem conseguiu se manter ocupado, viu a renda diminuir.
A podóloga Rita Carvalho está com o salão fechado e sem atender os clientes. Com a fase mais restritiva da pandemia, ela que é autônoma há 15 anos é impactada diretamente, porque não pode atender no local nesse período.
“Para mim foi um impacto muito grande, porque eu nunca tinha passado de não poder trabalhar, com a porta totalmente fechada. Você pensa em fazer mil coisas, mas também vai fazer o quê?”, diz.
O jeito foi ir à casa de alguns clientes para garantir parte da renda.
“Como eu tenho bastante idosos que atendo, eu entrei em contato e comecei a tender alguns a domicílio, que me ajudava um pouco. Não o suficiente que eu precisava. Mas atendo um lá, o outro cá, tem semana que eu não atendo ninguém. Mas me prejudicou muito”, ressalta.
A realidade da rita é a mesma de muitos outros trabalhadores aqui da região metropolitana de são paulo. Segundo uma pesquisa da Fundação Seade, 18% dos ocupados foram afetados simultaneamente por redução de jornada, interrupção do trabalho por 15 dias ou mais e diminuição do rendimento.
O levantamento também aponta que:
Trabalhadores da construção civil foram mais afetados que os dos demais setores
Profissionais que trabalham por conta própria, em especial os informais, e domésticos foram mais atingidos que os assalariados
Parcela de ocupados de baixa escolaridade com interrupção de trabalho é muito maior que a dos que têm ensino superior completo
63% dos trabalhadores autônomos tiveram redução de renda, parcela que corresponde a 27% entre os assalariados
Apenas 26% dos trabalhadores conseguiram continuar trabalhando à distância, geralmente com mais escolaridade. A medida praticamente não existiu para quem tem apenas o ensino médio.
Trabalhadores da construção civil foram mais afetados que os dos demais setores
Profissionais que trabalham por conta própria, em especial os informais, e domésticos foram mais atingidos que os assalariados
Parcela de ocupados de baixa escolaridade com interrupção de trabalho é muito maior que a dos que têm ensino superior completo
63% dos trabalhadores autônomos tiveram redução de renda, parcela que corresponde a 27% entre os assalariados
Apenas 26% dos trabalhadores conseguiram continuar trabalhando à distância, geralmente com mais escolaridade. A medida praticamente não existiu para quem tem apenas o ensino médio.
A professora Adriana Carlette é professora concursada na rede municipal de Biritiba Mirim. Ela não teve redução salarial, mas, mesmo assim, a renda da família foi afetada com a pandemia.
“Como servidora pública municipal concursada, nós não tivemos uma interrupção do salário, mas tivemos um congelamento de benefício e de aumento, a gente sofreu algumas consequências da pandemia”, detalhou.
Impacto social
O sociólogo Afonso Pola diz não ter dúvivas de que a pandemia impactou todos os setores da sociedade, mas não da mesma forma. Ele é diferenciado de acordo com a atividade econômica, o grau de escolaridade e, principalmente, a desigualdade social muito acentuada, como no Brasil, com baixo grau de escolaridade, os impactos da pandemia atingem as pessoas de acordo com o grau social.
“O teletrabalho e o home office só são realizados em atividades em que você não precisa estar fisicamente em um lugar. Aconteceu isso com pessoas que trabalham em escritórios, na área administrativa. Mas as atividades menos qualificadas, com pessoas de baixa escolaridade, o home office não é possível e as pessoas não são qualificadas para fazê-lo?”, destacou.
Pola destaca ainda que existe uma combinação de coisas, como o retardamento do enfrentamento à pandemia, que em outros países foi debatido a situação pública, para sair da fase mais intensa da pandemia com menos danos.
“Nós vamos sair dessa fase com mais gravidade. Primeiro porque o número de mortos continua muito elevado no Brasil e, segundo, alguns especialistas apontam que é possível que nós tenhamos o novo pico de contaminação e mortes pelo atraso que vem ocorrendo na vacinação. É óbvio que isso prolonga as dificuldades econômicas e os setores mais vulneráveis tendem a ficar mais vulneráveis ainda. Aí que o estado deve ter ações mais efetivas que garantam recursos para que as pessoas possam sobreviver. A gente vê que mais prefeituras e governos estaduais complementam ações do governo federal, que ainda são pequenas”, destaca.