Imprensa

26.08.2020

Para maioria dos pedestres idosos de Rio Preto, trânsito é perigoso

Diário da Região, de SJRio Preto – 25/08/2020
A maioria dos idosos de Rio Preto se sente insegura e desrespeitada no trânsito e no transporte público da cidade. Dados de pesquisa da Prefeitura, coordenada pela Unilago, mostram que 48,5% relatam ter dificuldade para atravessar ruas e avenidas e mais da metade, 55%, se sentem desrespeitados dentro dos ônibus. Ao todo, 59,2% deles transitam com medo de cair na rua, devido a irregularidade no piso ou baixa mobilidade. Os números estão em estudo que será base para projetos do município em busca do selo Cidade Amiga de Todas as Idades, da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A pesquisa do município ouviu 600 idosos de forma individual e outros 80 em grupos. Quando o assunto foi trânsito, mais da metade dos entrevistados por duas alunas pesquisadoras da universidade, cerca de 60% deles, disseram que andam pelas ruas e avenidas de Rio Preto inseguros e com receio de sofrer uma queda nas ruas ou avenidas.
Eles também ficam com temor ao atravessar a rua. O aposentado Adelino Marques tem 73 anos e diz que o medo tem nome – risco de acidentes. “Eu sei desses problemas que disseram na pesquisa. Eu sinto essa dificuldade, ando de muleta e de bengala. É muito difícil”, afirmou.
Adelino conta que tenta evitar ao máximo a andar a pé pelas ruas e só sai quando precisa. Ele disse que o cuidado é porque já passou por situação que pensou que fosse ser atropelado porque o motorista não respeitou a faixa de pedestre. “Não chegou a me atropelar, mas relou em mim”, lembrou.
Como representante de outros idosos, o aposentado pede “um pouco mais de paciência” aos motoristas, uma vez que, segundo a Fundação Seade, Rio Preto tem mais idoso – 17,7% da população – do que crianças e adolescentes até 15 anos – 16,3% dos habitantes. “Peço mais paciência, mais calma para dar preferência para nós e sempre nos respeitar”, alertou.
Acidentes
De 2015 a 2020, segundo dados do Infosiga, Rio Preto registrou 393 mortes no trânsito. Destas, 115 foram de pessoas com 60 anos ou mais – 58 delas morreram atropeladas.
Segundo o engenheiro e presidente da Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP), Aílton Brasiliense Pires, estudo feito pela associação mostra que a maioria de acidentes urbanos são de pessoas que caem nas ruas, o que explica o temor apresentado na pesquisa.
De acordo com o presidente, os fatores são diversos – calçadas antigas e sem conservação, falta de faixa de pedestre e semáforos, motoristas que não respeitam sinalização e preferência conforme as leis, entre outros.
“É necessário educação. A Prefeitura precisa fiscalizar e cobrar a manutenção de todos. É preciso ter faixas, semáforos e não ter uma habilitação tão ruim como a que temos, que só ensina a conduzir, sem responsabilidade com o trânsito”, disse.
O secretário municipal de Trânsito, Amaury Hernandes, afirmou que a pasta faz mudanças nesse sentido. “Nós construímos lombofaixas, só neste ano foram 49, sinalização, faixas de pedestres e mexemos nos tempos semafóricos para o vermelho total (cruzamento fica vermelho nos dois lados para o pedestre atravessar)”, afirmou.
Amaury reconhece que ainda há o que fazer, em especial, sobre a fiscalização. “Deveria ter radar semafórico em todos os semáforos. As motos mesmo não respeitam e podem gerar atropelamento. Pedimos respeito e observamos uma conduta o tanto quanto agressiva”, finalizou.