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Indústria cria 7,7 mil vagas de emprego na RMC em sete meses
Correio Popular – 3/9/2024
A indústria teve uma forte recuperação na geração de emprego na Região Metropolitana de Campinas (RMC) em 2024, com o saldo de 7.782 vagas criadas no acumulado de janeiro a julho. Os dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, mostram que o número é 197,82% maior que os 2.613 empregos gerados pelo setor em todo o ano passado. O desempenho nos primeiros sete meses deste ano também supera os 6.881 empregos industriais criados nos 12 meses de 2022. Ele é inferior apenas aos 12.287 postos surgidos de janeiro a dezembro de 2021, mas aquele foi um ano atípico marcado pela recomposição do mercado de trabalho após a onda de demissões provocada pela pandemia de covid-19 em 2020. Além disso, o ano também foi influenciado pelo lançamento do Novo Caged, que ampliou a base de dados de geração de empregos.
“Temos que lembrar que esses dados de 2020, 2021, são de um período em que a base de dados estava se expandindo. Ela parou de considerar apenas os contratos com carteira assinada por tempo indeterminado para considerar também os contratos temporários registrados no e-Social e outras fontes. Agora que a base está mais ajustada a esse padrão de captação é que a gente consegue avaliar com mais propriedade”, afirmou a economista Eliane Navarro Rosandiski, pesquisadora de emprego do Observatório PUC-Campinas.
A indústria criou 1.808 empregos na RMC apenas em julho, o segundo melhor mês do ano, somente atrás dos 1.842 novos postos de janeiro. Em seis meses de 2024 o setor teve saldo positivo na geração de vagas. O número de demissões superou o de admissões (-5) apenas em junho, mesmo assim mostrando estabilidade, com um saldo negativo muito pequeno.
Esse foi o segundo setor com o maior saldo de empregos em julho, sendo responsável por quatro em cada 12 vagas surgidas. As indústrias tiveram participação de 33,72% nos 5.362 postos com carteira assinada surgidos no sétimo mês do ano.
REFLEXOS
A economista, também professora da PUC-Campinas, lembrou que a indústria é o que paga os melhores salários médios e isso traz reflexos para outros setores. “Isso traz um benefício forte para a demanda. A gente consegue ver que está tendo um comportamento positivo no comércio da Região Metropolitana”, disse ela.
Dos cinco setores analisados, quatro tiveram saldo positivos, com serviços liderando (1.841). A construção civil (963) e o comércio (844) também contribuíram para a geração de vagas. A agropecuária foi o único setor com saldo negativo em julho, com o fechamento de 94 empregos.
Uma das indústrias a gerar empregos na RMC foi uma fábrica de produtos dermatológicos em Hortolândia. Ela anunciou um investimento de US$ 6,5 milhões (R$ 36,73 milhões) para triplicar a produção. O valor inclui a aquisição de um terreno de 48 mil metros quadrados ao lado da planta para ampliar as instalações. “Com essa ampliação, conseguiremos desenvolver a economia da região e internalizar alguns processos de produção, aprimorando nossa velocidade e flexibilidade de abastecimento. Nosso objetivo é progredir no mercado brasileiro, apoiando seu crescimento e dedicando nosso foco e paixão em prol do nosso propósito de avançar a dermatologia para cada história de pele”, disse a gerente-geral da empresa no Brasil, Lígia Santos.
A multinacional está presente em 40 países, com o Brasil entre seus três principais mercados. A planta de Hortolândia é a única em território nacional, com cerca de 400 funcionários. Quando foi inaugurada, em 2015, eram 300 colaboradores. Além de atender ao mercado brasileiro, a empresa exporta para outros países, entre eles Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai. O grupo atualmente possui outras cinco fábricas no mundo—Canadá, França, Suécia, Suíça e Alemanha.
MUNICÍPIOS
Das 20 cidades da RMC, apenas duas tiveram desempenho negativo no saldo de empregos em julho. Sumaré teve o fechamento de 314 vagas e Holambra, 19. No primeiro município, o número foi influenciado pelas 490 demissões no setor de serviço e outras 116 na construção civil. Em Sumaré, a indústria criou 156 novos postos, com comércio (75) e agropecuária (61) na sequência.
Em Holambra, apenas a construção civil, com 23 empregos, e comércio (20) tiveram saldo positivo. Os serviços fecharam o mês com 44 dispensas. Na sequência, aparecem a indústria (-16) e agropecuária (-2). Em Campinas, foram 2.746 postos criados no mês, principalmente no setor de serviços (1.556). Indústria (472), comércio (420), construção civil (297) e agropecuária (1) também ficaram no azul. Para Eliane Rosandiski, os serviços na cidade são beneficiados pelo desempenho da RMC, com as empresas da região contratando pessoal das áreas de informática e telecomunicação, que também pagam salários mais altos.
Outros quatro municípios com a maior criação de vagas em julho foram Paulínia (755), Indaiatuba (479), Americana (278) e Monte Mor (258). Para a economista, o resultado reflete o momento macroeconômico do país, com inflação sob controle, alta dos investimentos anunciados e previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços finais produzidos, acima do esperado. Ela aponta alguns fatores que podem prejudicar esse desempenho, com alta da inflação por conta da elevação do dólar, fatores climáticos e a retomada do aumento dos juros.
“Taxa de juros alta prejudica o investimento real na economia. Essa discussão, muitas vezes, é ideológica no país, mas não importa se você é de direita ou de esquerda, não existe uma economia saudável do ponto de vista real que consiga sobreviver com uma taxa de juros alta”, afirmou Eliane Rosandiski.
Em julho, a Região Metropolitana de Campinas representou 8,67% de todos os 61.847 empregos criados no Estado de São Paulo. O saldo paulista foi resultado das 680.724 admissões ocorridas no mês e das 618.877 dispensas. A taxa de desocupação diminuiu de 7,4% para 6,4%, na passagem do 1º para o 2º trimestre de 2024 no Estado, de acordo com uma pesquisa divulgada pela Fundação Sistema Estadual de Análise de dados (Seade). Já a taxa composta de subutilização da força de trabalho retraiu-se de 14,3% para 13,2%. No 2º trimestre deste ano, 1,7 milhão de pessoas estavam desocupadas, segundo o órgão. O rendimento efetivo médio dos ocupados (R$ 3.840) decresceu 6,7% entre dois trimestres de 2024. Em relação ao 2º trimestre do ano anterior, houve aumento de 5,2%.
O número de desocupados no Estado, de acordo com a Seade, foi estimado em 712 mil pessoas. A comparação dos dados do Novo Caged com os da Seade apontam que a RMC teve retomada nos empregos industriais, enquanto o Estado sofreu queda. A ocupação paulista de janeiro e junho aumentou nos serviços (375 mil vagas) e no comércio (76 mil) e reduziu-se na indústria (-49 mil), na construção (-19 mil), na agricultura (-18 mil) e, em menor medida, nos serviços domésticos (-4 mil).
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