Imprensa

02.02.2023

Idosos compõem o maior grupo que necessita de cuidados

Em 2021, a Fundação Seade realizou a Pesquisa de Cuidados no Domicílio no Estado de São Paulo que aborda os tipos de cuidados necessários com os idosos, pessoas com deficiência e crianças.
Os resultados mostram que do total de pessoas com 60 anos e mais, residentes nos domicílios, que necessitavam de cuidados, 24% estavam na faixa de 60 a 64 anos (914 mil); 43% na de 65 a 74 anos (1,6 milhão) e 33% na de 75 anos e mais (1,3 milhão de pessoas), totalizando 3,8 milhões de pessoas.

Entre as pessoas de 60 anos e mais, 7% (250 mil pessoas) apresentavam algum tipo de deficiência física, mental ou intelectual, 20% (760 mil) afirmaram ter alguma enfermidade ou sequela de acidente ou de Covid-19 e 63% (2,4 milhões) tinham doenças crônicas, como diabetes, pressão alta, problemas pulmonares e obesidade mórbida, percentuais que aumentam conforme o subgrupo etário.

Dessas pessoas, 56% (2,1 milhões) faziam algum tipo de tratamento contínuo de saúde, reabilitação física, mental ou fisioterapia (49% entre aquelas com 60 a 64 anos, 55% entre as com 65 a 74 anos e 62% com 75 anos e mais).

Cerca de 16% (146 mil) das pessoas de 60 a 64 anos e 57% (720 mil) daquelas com 75 anos e mais precisavam de ajuda em tarefas rotineiras, tais como lavar roupas, arrumar a casa, fazer limpeza leve ou preparar refeições simples, tomar remédio, fazer compras de itens básicos, controlar dinheiro, ir a locais de tratamentos ou fisioterapias.

Muitos idosos não podem contar com alguém designado exclusivamente para seus cuidados. Em parte, isso acontece pelo tamanho reduzido das famílias (três pessoas, em média), sendo que cerca de 16% dos idosos moram sozinhos e 29% apenas com o cônjuge. Além disso, os custos decorrentes da contratação de cuidadores restringem essa opção. Segundo a pesquisa, apenas 13% dos idosos tinham cuidador, parcela que aumenta para 24% entre os mais velhos.

35% das pessoas de 60 anos e mais tinham rendimento total de até dois salários mínimos, enquanto 54% recebiam entre R$2.220 e R$5.500.

Pessoas com deficiência
No Estado de São Paulo, 1,7 milhão de pessoas de seis anos e mais que residiam em domicílios que precisavam de cuidados têm deficiências. Entre elas, 75% fazem tratamentos contínuo, a maior em hospitais e clínicas públicas ou em organizações não governamentais sem fins lucrativos, e 52% precisam de apoio para se deslocar até o local de tratamento. Entre as pessoas com deficiência, 69% consideram-se independentes para a realização de atividades da vida diária, 9% têm pelo menos uma atividade com forte limitação e 22% são parcial ou totalmente dependentes.

Segundo tipo de deficiência e faixa etária, observa-se que:
• 41% têm deficiência física, auditiva ou visual (720 mil pessoas), pouco mais da metade (51%) com idade entre 30 e 59 anos e 29% com 60 anos e mais;
• 33% possuem deficiências intelectuais (limitações nas habilidades mentais, atraso no desenvolvimento, inclusive síndrome de Down) (571 mil), metade (52%) com idade entre 30 e 59 anos e 45% entre 6 e 29 anos;
• 26% são portadores de transtornos psicossociais ou de espectro autista (446 mil), com 51% com idade entre 30 e 59 anos e 45% entre 6 e 29 anos.

A pesquisa mostra uma situação mais fragilizada por parte das famílias com pessoas com deficiência. Entre estas, 48% tinham no máximo dois salários mínimos de renda, enquanto para o conjunto das famílias com pessoas de seis anos e mais que têm necessidades essa parcela era de 40%, 8 p.p. menor. A parcela que declarou renda entre 2 e 5 salários mínimos para as famílias com pessoas com deficiência é de 46%, 5 p. p menor do que para o conjunto das famílias.

A maior parte (59%) não tem um cuidador específico na família, permanecendo na companhia dos familiares, o mesmo ocorrendo nas diferentes faixas etárias. Já entre os que tem cuidador específico, os pais, em especial as mães, são nomeados como principal responsável pelo cuidado (23%).

Cuidados com crianças
No Estado de São Paulo, 1,5 milhão de famílias tinham crianças com até cinco anos completos, sendo que 84% dessas famílias tinham uma criança nesta faixa etária, 14% possuíam duas crianças e 2% tinham pelo menos três crianças. Em média, há 4,3 pessoas nas famílias com crianças até cinco anos completos.

Com a paralisação das creches e escolas na pandemia, estas crianças passaram a maior parte do tempo exclusivamente sob os cuidados de suas famílias, em especial dos pais, com menor contato com outras crianças ou adultos. E voltaram a frequentar a escola no final de 2021, ainda com certas restrições.

Um indicador das dificuldades enfrentadas pelas famílias com crianças de até cinco anos durante o período recente pode ser encontrado na participação dos familiares em programas emergenciais de transferência de renda: 8,6% das famílias com crianças até três anos e 12,2% daquelas com crianças de 4 e 5 anos solicitaram e receberam o Auxílio Emergencial.

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