Imprensa

08.03.2021

Cuidados com família e casa na pandemia atrapalharam 45% das mulheres da Grande SP a procurar emprego, diz pesquisa

Site G1 – 5/03/2021
Os impactos econômicos da pandemia de Covid-19 atingiram mais as mulheres do que os homens na Grande São Paulo. As mulheres também sofreram mais com o desemprego, de acordo com uma pesquisa da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Fundação Seade), divulgada nesta sexta-feira (5).
O tempo maior de dedicação às tarefas domésticas e à família, como os cuidados com crianças e idosos, tornou-se obstáculo para 45% das mulheres, que pararam de procurar emprego durante a pandemia. Dentre os homens, esse obstáculo foi muito menor, de acordo com a economista da Fundação Seade, Sandra Brandão.
“A necessidade de reorganizar a rotina recaiu exatamente nas costas das mulheres. Homens você tem no máximo 5 ou 4% a cada 100 que explicam a interrupção da procura por essa razão. Esse é um aspecto muito claro da desigualdade do impacto da crise sobre as mulheres. Elas querem trabalhar, têm a necessidade de trabalhar, perderam o emprego de forma mais intensa, mas os cuidados com a casa são mais importantes e limitantes para as mulheres do que para homens”, afirma.
O desemprego também foi mais avassalador para as mulheres. A pesquisa mostrou que 27 em cada 100 mulheres que trabalhavam em 2019 perderam a atividade em 2020. Entre os homens, essa taxa ficou em 21%.
Dentre as desempregadas, 24% fizeram algum bico para aumentar a renda. Foi o caso da Cláudia Costa Rios, que tem uma filha de 3 anos diagnosticada com autismo. Ela pretendia voltar ao mercado de trabalho no ano passado, mas por causa da pandemia, a produtora cultural passou a trabalhar como editora de vídeos em casa.
“Enquanto não tiver rotina, com aula e tudo, eu não pretendo voltar com carteira assinada. Eu tenho que estar perto dela o tempo todo, ela não entende que eu tenho que trabalhar”, conta.
Mesmo dentre as mulheres que conseguiram emprego, houve dificuldades. Entre as mulheres ocupadas:
Os números – sempre mais desfavoráveis para as mulheres do que para os homens – refletem a ainda imensa desigualdade de gênero. Mudar isso requer engajamento de toda a sociedade, de acordo com Sandra.
?A população feminina é, inclusive, mais escolarizada do que a masculina. Mas não basta a iniciativa individual, tem que ser um movimento social e cultural de toda a sociedade, engajada com políticas ativas claras para reverter esse quadro de desigualdade entre homens e mulheres.?
1,3 milhão a menos de empreendedoras
A crise decorrente da pandemia interrompeu um movimento consistente, verificado desde 2016, de crescimento na representatividade das mulheres no universo do empreendedorismo no país.
Dados de um levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostraram que 1,3 milhão de mulheres deixaram de empreender no Brasil no 3º trimestre de 2020 – queda de um ponto percentual em comparação ao mesmo período de 2019.
No 3º trimestre de 2020 havia, segundo o Sebrae, cerca de 25,6 milhões de donos de negócio no Brasil. Desse universo, aproximadamente de 8,6 milhões eram mulheres (33,6%) e 17 milhões, homens (66,4%). Em 2019, a presença feminina correspondia a 34,5% do total de empreendedores.