Imprensa

26.01.2021

Como São Paulo chegou à população atual

O Estado de S. Paulo – Editorial – 24/01/2021
Os 11,9 milhões de pessoas que moram na São Paulo que amanhã comemora seu 467.º aniversário representam imensas transformações pelas quais a cidade passou nos últimos cem anos. Nesse período, a população paulistana foi multiplicada por 20, fator que por si só resume uma mudança extraordinária. São Paulo é a cidade mais populosa do Brasil desde 1960, quando superou o Rio de Janeiro. Hoje, como mostrou o boletim Seade Informa editado para comemorar o aniversário, a população de São Paulo é maior do que a de Portugal e da Grécia e pode ser comparada à dos Estados do Paraná e do Rio Grande do Sul.
Embora o crescimento populacional em 100 anos seja impressionante, sua velocidade sofreu notáveis mudanças ao longo desse período. Em 1920, o aumento era de 4% ao ano. Na década de 1950, quando a expansão e a transformação de sua economia ofereciam oportunidades de trabalho e renda não encontradas em outras regiões do País, o aumento médio da população chegou a 5,6% ao ano.
Falava-se, então, na “cidade que mais cresce no mundo” e que “não pode parar”. A migração, que desde a chegada de portugueses, italianos, espanhóis, alemães, sírios e japoneses, entre imigrantes vindos de diferentes países, contribuía para o aumento da população paulistana, foi reforçada nesse período com a vinda de brasileiros de outras regiões. A partir da década de 1980, o saldo migratório (imigrantes menos emigrantes) torna-se negativo.
A demanda de bens e serviços públicos e privados impulsionada por esse crescimento nem sempre, ou poucas vezes, pode ser atendida na sua plenitude. Crescimento desordenado, carência de infraestrutura, carências sociais variadas, a começar pelas condições de moradia, foram se acentuando ao longo do tempo.
A taxa de crescimento da população, como era necessário, começou a se reduzir. Hoje é de 0,5% ao ano, menos de um décimo da observada há 60 ou 70 anos.
A população envelheceu. Em 1920, pessoas com menos de 15 anos representavam 35,4% da população e as com mais de 60 anos, 4,1%. Em 2021, os jovens são apenas 18,9% e a população com mais de 60 anos quadruplicou, chegando a 16,0%. A faixa média, de 15 a 59 anos, mudou menos (de 60,5% para 65,0%). A maior concentração de idosos (29,2% da população) está no Alto de Pinheiros.