Imprensa

16.01.2023

Cana, mandioca, tomate e ovos: o que faz movimentar a agricultura na região

O Liberal, de Americana – 15/01/2023

A agropecuária movimentou R$ 420,4 milhões em quatro das cinco cidades que formam a RPT (Região do Polo Têxtil), em 2021. De acordo com dados da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), o montante é resultado das atividades de agricultura e de produtos de origem animal existentes nos municípios de Americana, Santa Bárbara d’Oeste, Nova Odessa e Sumaré. Nas terras de Hortolândia não há nenhuma forma de cultivo.

Somente o setor de agricultura gerou R$ 301,1 milhões, o que corresponde a 71% do valor movimentado dentro da agropecuária, em 2021. Em Americana e Santa Bárbara d’Oeste, o destaque fica por conta da produção de cana-de-açúcar. Na cidade de Nova Odessa, a mandioca, seguida pelo milho, é o que rende bons resultados, e em Sumaré, o cultivo de tomate é o carro-chefe do setor.

Professor do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura) Luiz de Queiroz, Carlos Eduardo de Freitas Vian afirma que Americana e Santa Bárbara são cidades com tradição na produção de cana. ?Hoje, as unidades industriais foram fechadas, mas a cana continua sendo cultivada e entregue a outras usinas da região?, diz.

De acordo com a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bionergia), a região de Piracicaba, que processa a cana cultivada em terras de Americana e Santa Bárbara, processou, na safra 21-22, 24,98 milhões de toneladas. O Estado de São Paulo, no mesmo período, processou um total 298 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.

Ainda segundo o professor, há expectativa para aumento da produção de cana, no futuro, por conta do preço do petróleo e maior demanda por etanol.

Segundo o pesquisador do IEA (Instituto de Economia Agrícola) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, José Roberto da Silva, a cana-de-açúcar está espalhada por todo o estado e as regiões que não a cultivam deve ser muito provavelmente por conta de aspectos do solo e clima.

Plantação de cana-de-açúcar na região do Salto Grande, em Americana; produto foi o principal do setor agrícola do município em 2021 ? Foto: Marcelo Rocha / Liberal

?Se o solo e o clima não são bons, não vai ter plantação de cana?, afirma. O mesmo, de acordo com ele, vale para o cultivo de outras culturas como é o caso da mandioca, em Nova Odessa, e do tomate, em Sumaré. ?O tomate pode ter sido levado para o município por um produtor, que induziu outros produtores e cresceu porque as condições do solo e climáticas são boas?.

Terra do tomate

Os irmãos Fernando Aparecido de Andrade, 64, Lázaro Lauro de Andrade, 61, e Cláudio José de Andrade, 55, são, juntos, um dos três maiores produtores de tomates de Sumaré.

Segundo Fernando, a cultura do tomate começou a se instalar no município nas décadas de 50 e 60. ?É uma atividade que emprega muitas pessoas e que traz muitos benefícios para a cidade?.

A produção da família começou em 1978 em uma propriedade que fica próxima ao limite de Sumaré. Em meados de 1983, eles começaram a plantar também em terras arrendadas em Sumaré e Monte Mor. A partir de 1998, adquiriram uma propriedade em Sumaré, onde, hoje, concentram a maior área plantada.

?Nossa produção nos anos de 2021 e 2022 ficou próxima de 120 a 130 hectares anuais de área plantada?, afirmou Fernando. A maior parte do tomate cultivado pela família é vendida para outros estados, como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Goiás e Rio de Janeiro. Mas também é comercializada em Campinas e em São Paulo. E uma parte é embalada e fornecida para alguns supermercados próximos da região.

?A cultura de tomate, na nossa região, se adapta muito bem em duas épocas do ano: janeiro e junho. Produz um fruto de qualidade que é muito bem aceito pelo mercado, então por isso acredito que também, entre outras coisas, se mantém firme a produção?, declarou.

Origem animal

Os produtos de origem animal movimentaram, em 2021, na região, R$ 119,2 milhões. Em Americana, Santa Bárbara e Nova Odessa, o destaque deste setor é o leite. Já em Sumaré, é a produção de ovos de galinha.

O valor movimentado pela agropecuária nessas quatro cidades aumentou 6,67% entre os anos de 2020 e 2021, passando de R$ 394,1 milhões para R$ 420,4 milhões.