Imprensa

10.09.2021

As Tecnologias de Informação e Comunicação na economia paulista

Estudo inédito, resultado da parceria entre o Seade e o Cetic.br/NIC.br, mensura o peso do setor de Tecnologia de Informação e Comunicação -TIC na geração de riqueza medida pelo Produto Interno Bruto – PIB do Estado de São Paulo.

De acordo com a análise, a participação do Valor Adicionado do setor de TICs no VA da economia paulista, em 2018, atingiu 5,6%. A série histórica do PIB estadual mostra que o ano de maior peso das TICs no estado foi 2008, quando alcançou 6,1% do total do VA estadual. Se excluirmos o Estado de São Paulo do agregado nacional de 2018, a participação das TICs no VA total do país diminuiu para 2,5%, ou seja, menos da metade do registrado na estrutura da economia paulista.

Em termos nacionais, verifica-se que, entre 2002 e 2018, a participação do VA paulista no total do setor no Brasil passou de 42,4% para 50,3%, registrando ganho de 7,9 pontos percentuais. Pode-se afirmar que a complexidade da economia paulista e sua capacidade de ofertar mão de obra especializada na área, combinada com a presença dos principais players ofertantes de TICs no território paulista, definem a importância destas atividades para o estado e sua relevância no Brasil.

Entre 2008 e 2018, o VA das atividades de TICs em São Paulo cresceu 4,4% ao ano, mantendo o ritmo do período anterior, bem acima da expansão do PIB no período (0,8% a.a.) e da média Brasil do VA das TICs, cuja taxa anual de variação perdeu força, caindo para um patamar de 2,8% a.a.

Outra forma de avaliar a importância das TICs no Estado de São Paulo é comparar o resultado do seu VA com o desempenho de outros setores econômicos. Em 2018, segundo o Seade, a participação do VA das TICs no total do estado foi superior ao peso da construção civil (3,7%), dos serviços de transporte, armazenagem e correios (4,8%) e um pouco mais da metade do total do VA gerado do comércio varejista e atacadista do estado (10,5%).

Cadeia produtiva das TICs

Em 2018, o VA para essa cadeia produtiva atingiu R$ 103,5 bilhões no estado. Como destacado anteriormente, a participação do seu Valor Adicionado na economia paulista foi de 5,6%, representando queda de 0,9 p.p. em relação a 2012 (6,5%). Essa redução pode ser atribuída à menor participação das atividades vinculadas ao núcleo das TICs relativas a voz, celular, tratamento de dados e TV por assinatura, que passou de 3,3% (2012) para 2,4% (2018). Contribuiu para esse resultado a perda de dinamismo verificada na telefonia por fio e no negócio de TV a cabo, que vem perdendo relevância diante das plataformas streaming.

Balança comercial das TICs: Brasil e São Paulo

Os dados relativos ao setor externo demonstram sua forte dependência das importações, em especial da indústria de hardware, principalmente de componentes, equipamentos elétricos e eletrônicos e semicondutores, procedentes da Ásia, notadamente da China. Entre 2010 e 2019, as importações paulistas dos produtos relacionadas à cadeia produtiva das TICs aumentaram, passando de US$ 6,9 bilhões para US$ 7,9 bilhões. Com esse resultado, São Paulo ampliou sua participação no total importado desses produtos pelo Brasil de 41,6% para 55,6%, no mesmo período, reforçando sua importância nessa cadeia produtiva de valor.

 Evolução do mercado de trabalho das TICs em São Paulo

Em relação ao emprego, verifica-se que o setor paulista de TICs manteve, entre 2010 e 2018, a participação em torno de 3% no total de empregos formais do estado. Considerando, no entanto, o número de empregos formais criados, verifica-se aumento de 5,4% no mesmo período. Em 2010, a ocupação formal medida pela Rais para o Estado de São Paulo foi de 379,5 mil postos de trabalho e, em 2018, esse número cresceu para 400,2 mil.

Avanços e desafios do setor de TICs

Alguns fatores vêm potencializando esse desenvolvimento das TICs na economia paulista e devem continuar atuando neste sentido nos próximos anos, dentre os quais merecem destaque: a concentração de instituições de ensino de ponta, uma vez que quatro dos principais cursos de ciência da computação no Brasil localizam-se no Estado; a existência de cursos técnicos de capacitação, qualificação profissional e treinamento de mão de obra atuantes no Estado; a localização no Estado das empresas líderes do setor de TICs, nacionais e multinacionais, e suas filiais; e a instalação no interior do Estado, em particular nos municípios de Campinas, São José dos Campos e São Carlos, dos principais institutos tecnológicos do país.

Apesar desse contexto favorável, os investimentos em novas tecnologias digitais enfrentam uma série de barreiras, entre as quais podem ser listadas: o tipo de infraestrutura de rede de conectividade disponível; a forma de acesso; o tipo de uso que se faz da rede; as bases tecnológicas existentes; as habilidades e competências dos usuários; e as ações de políticas públicas setoriais e de inclusão digital.

Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação) – departamento do NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR) e ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) – tem a missão de monitorar a adoção das tecnologias de informação e comunicação no Brasil. 

Seade – Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados –  é a agência paulista de estatísticas que há mais de 40 anos coleta, analisa e dissemina dados sobre o Estado de São Paulo. No início de 2020, as instituições celebraram um convênio para compartilhar informações, aperfeiçoar metodologias e desenvolver pesquisas e análises em conjunto.

 

 
Consulte aqui a íntegra.