Imprensa

20.05.2021

A interiorização das montadoras em São Paulo

O Estado de S. Paulo – Editorial – 20/05/2021
A presença da indústria automobilística no Brasil é fortemente marcada pelas primeiras montadoras que se instalaram no bairro paulistano do Ipiranga e em municípios da região do ABC paulista, especialmente São Caetano do Sul e São Bernardo do Campo. O ativismo sindical dos trabalhadores metalúrgicos entre as décadas de 1970 e 1980, que resultou em importantes transformações até mesmo na vida política do País, igualmente está vinculado a essas regiões. Do ponto de vista do valor da produção da indústria automobilística, no entanto, tudo isso quase se transformou em registros da história.
Nos últimos anos, por muitas razões “logística, necessidade de relações trabalhistas menos dependentes do comportamento imprevisível de lideranças sindicais, oportunidades fiscais e custo de mão de obra e de instalações, entre várias outras “, as montadoras e as indústrias de autopeças, que se sempre as acompanham, optaram pelo interior.
Os resultados são notáveis. Hoje, o valor da transformação industrial (VTI) das montadoras instaladas na região administrativa de Campinas supera o das fábricas de veículos que continuam a operar na região metropolitana da Grande São Paulo. É o que mostra o boletim Seade Informa, no qual a equipe técnica da Fundação Seade analisa dados até 2017.
Em 2003, quando o processo de interiorização da indústria automobilística não era tão intenso, já se destacavam as regiões de Campinas, São José dos Campos e Sorocaba como polos de atração das montadoras. Ainda assim, a região da Grande São Paulo respondia por 50,9% do valor total da transformação da indústria automobilística instalada no Estado, enquanto a de Campinas respondia por 22% e a de São José dos Campos, por pouco mais de 20%.
Passados 14 anos, a região de Campinas passou a responder por praticamente 40% de todo o VTI da indústria automobilística do Estado, enquanto a fatia da Grande São Paulo ficou abaixo de 36%. A participação da região de Sorocaba chegou a quase 10% do total estadual em 2013, aproximando-se da de São José dos Campos, de cerca de 11%.
Por ainda abrigar grandes montadoras, São Bernardo do Campo continua sendo o município que detém a maior fatia do VTI das montadoras. Mas sua participação caiu de 25,9% do total em 2003 para 17,1%.